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a educação é a chave contra os estereótipos

Em julho do ano passado, a Lei 14.402/22 definiu o dia 19 de abril como o Dia dos Povos Indígenas – e não mais o Dia do Índio – para celebrar a cultura e o patrimônio desses povos. A medida, aprovada pelo Congresso Nacional, deixa de lado o termo indígena, considerado preconceituoso contra os povos nativos.

Para a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinamam Tuxá, o preconceito acaba sendo reforçado com estereótipos que ainda persistem nas comemorações e nos livros escolares.

“Várias escolas fantasiando; crianças, eles querem colocar os índios num formato, dentro de uma caixa. Indígena é aquele que mora dentro da mata, que anda, tem roupa. Isso cria um cenário de racismo porque essas crianças crescem na ideologia de um indígena de cabelos lisos, olhos puxados e pele avermelhada. Passamos por um processo de miscigenação. Passamos por um processo de violência. Quantas mulheres indígenas sofreram abuso sexual? Eles forçaram a miscigenação”.

A existência dos povos indígenas é atravessada por séculos de violência. Para Dinamam Tuxá, essa violência persiste na forma de racismo, como resquício da colonização portuguesa.

“Um processo de muita violência, de aculturação forçada, de retirada da língua, de abuso, de trazer os indígenas à força para uma realidade que não lhes pertence, de não demarcar territórios indígenas, de não promover ações de políticas públicas que estimulem a cultura dos povos indígenas. Então todo esse cenário também contribui para que essa violência se espalhe dentro e fora das terras indígenas”.

Genocídio

O professor de História da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Fabrício Lyrio, reforça que a chegada dos portugueses trouxe uma série de violências contra os povos originários, que resultou em genocídio. Enquanto 5 milhões de indígenas viviam no Brasil em 1500, hoje essa população não chega a 1 milhão.

“É, antes de tudo, uma violência simbólica para demarcar uma presença em uma terra onde já viviam outras pessoas. E essa violência tende a crescer. Tanto a violência intencional da guerra, da escravização, quanto a violência não planejada, mas que teve um impacto absurdo nas populações nativas, a chegada de novos agentes infecciosos. Há uma dimensão de genocídio, não há dúvida”.

Fabrício Lyrio lembra que, antes dos imigrantes e dos povos do continente africano, os indígenas foram os primeiros a serem escravizados pelos portugueses no Brasil. Segundo o especialista, os primeiros engenhos de açúcar do país foram montados com mão de obra indígena, em sua maioria escravizada.

Em 1500, os portugueses que aqui chegaram acreditavam ter chegado às Índias. Por isso, chamavam de índios os que já moravam aqui. Mas o termo correto é indígena, que significa, em latim, nativo do lugar onde você mora.

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