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Acesso à internet no Brasil está estagnado desde o início da pandemia, diz pesquisa

O acesso à internet no Brasil atingiu o teto em 2020, com 83% dos domicílios conectados, quando o país adotou medidas de isolamento social para evitar a propagação da Covid. Em 2021, o nível de conectividade oscilou negativamente para 81% e, em 2022, para 80%. Os dados são da pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Nic.br (Núcleo de Informação e Coordenação Dot BR).

O movimento registrado pela pesquisa entre 2021 e 2022 não representa queda, pois está dentro da margem de erro de 1% da questão, afirma o coordenador do TIC Domicílios Fabio Storino. Mesmo assim, ele indica que o acesso às redes, no mínimo, parou de crescer após cinco anos consecutivos de crescimento entre 2015 e 2017.

Storino destaca que o levantamento de 2020, por conta da pandemia, foi feito por telefone e com questionário reduzido – os dados são divulgados no primeiro semestre do ano seguinte. A recolha de TIC Domicílios é feita presencialmente em condições normais. A pesquisa trabalha com um nível de confiança de 95%.

São 149 milhões de pessoas com acesso e 36 milhões de pessoas sem internet no país: 29 milhões estão em áreas urbanas, 18 milhões na região Sudeste e 10 milhões no Nordeste. O grupo também inclui pessoas que estudaram até o ensino fundamental (29 milhões), pretos e pardos (21 milhões) e classes D e E (19 milhões).

Esses números mostram que a exclusão das redes está ligada à pobreza e à desigualdade, segundo Storino. “Não é apenas uma questão de disponibilidade de tecnologia.”

Por outro lado, as áreas rurais têm infraestrutura de rede mais precária, o que indica a permanência do desafio da universalização da cobertura, segundo o coordenador do TIC Domicílios.

Da amostra de 20.688 entrevistados, 28% dos domicílios desconectados da internet não têm acesso por causa do preço. 26% alegam falta de habilidade, 16% falta de interesse e 7% falta de necessidade.

Ao considerar apenas a classe A, o “desinteresse” salta para 90%. A “falta de habilidade” aumenta quando o corte é feito na faixa etária de 35 a 44 anos, chegando a 45%.

O gerente do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), Alexandre Barbosa, diz que os dados do TIC Domicílios servem para subsidiar o governo com dados para a promoção de políticas intersetoriais para mudar esse cenário. O Cetic.br faz parte do Nic.br, entidade responsável pelo registro de sites na internet brasileira.

Entre os usuários, 92 milhões (62%) acessam a internet apenas pelo celular. O dispositivo é usado por 99% das pessoas conectadas a redes. O segundo meio de acesso mais utilizado é a televisão (55%), seguida do computador (38%).

O TIC Domicílios mostra que pessoas com acesso apenas via smartphone se saem pior nos 12 parâmetros de habilidade considerados pela pesquisa. Entre os que usam computador e celular, por exemplo, 69% adotam medidas de segurança para proteger aparelhos e contas, contra 33% dos que usam apenas aparelhos móveis.

Para a metodologia das TIC Domicílios, os tablets contam como um computador.

O uso da internet apenas pelo celular predomina entre as mulheres (64% contra 59% entre os homens), entre os pretos (63%) e pardos (67% contra 54% entre os brancos) e entre aqueles com renda inferior a R$ 2.900 (84%) -classe DE.

Segundo o coordenador da pesquisa, Fabio Storino, o celular limita as atividades possíveis na internet. O número de pessoas que criam planilhas ou programas é menor entre os usuários exclusivos de celular.

“As políticas públicas, portanto, precisam responder a um duplo objetivo: garantir uma conectividade que seja, ao mesmo tempo, universal e significativa”, diz Storino.
Dos 149 milhões de internautas no território nacional, 142 milhões se conectam todos os dias, ou quase todos os dias – com prevalência nas classes A (93%) e B (91%) e em menores proporções na C (81%) e DE ( 60%).

A proporção de pessoas que usaram a internet para realizar atividades escolares também caiu em relação a 2020, quando ficou em 45%. Em 2022, era de 40%, na mesma faixa dos 41% registrados em 2019, antes da crise sanitária.

PEDRO S. TEIXEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

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