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Brasil está entre os últimos na prova internacional de alfabetização com 65 países

No Pirls, estudantes brasileiros obtiveram média de 419 pontos — Foto: Reprodução

O Brasil ficou à frente de apenas quatro países em uma avaliação internacional de alfabetização aplicada em 2021 a estudantes de 65 países e regiões. Os dados do Pirls (Progress in International Reading Literacy Study) foram divulgados na terça-feira, 16.

Foi a primeira vez que o país participou da avaliação, realizada pela IEA (International Association for the Evaluation of Educational Achievement), uma cooperativa de instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas dedicados à realização de estudos e pesquisas educacionais.

A inclusão do Brasil no Pirls foi uma iniciativa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em Pirls, os alunos brasileiros obtiveram média de 419 pontos. Esse desempenho fica atrás apenas de Jordânia, Egito, Marrocos e África do Sul, esta última com média de 288 pontos. É semelhante, por outro lado, ao resultado para Kosovo e Irã. Países como Azerbaijão e Uzbequistão obtiveram melhores resultados do que o Brasil. Nenhum outro país latino-americano participou da avaliação.

Os melhores desempenhos foram vistos em Cingapura (587), Irlanda (577) e Hong Kong (573).

No Brasil, uma amostra de 4.941 alunos do 4º ano do ensino fundamental realizou o teste. Quando realizada em 2021, reflete os impactos da pandemia de Covid-19 e o consequente encerramento das escolas.

Dados da avaliação federal do Saeb, do mesmo ano, apontaram perdas no período nos resultados de aprendizagem dos alunos de todas as etapas da educação básica, principalmente entre os mais jovens.

A nota média alcançada pelos estudantes brasileiros coloca o país no extremo inferior da escala de proficiência de Pirls. Quase 4 em cada 10 estudantes brasileiros não dominam as habilidades mais básicas de leitura – não sabiam, por exemplo, como recuperar e reproduzir uma informação explicitamente declarada no texto.

Em 21 países ou regiões, a porcentagem de alunos sem nenhum domínio de compreensão de leitura é inferior a 5%. Como Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Cingapura (3%) e Espanha (5%), segundo os resultados.

Dados mostram que apenas 13% dos alunos brasileiros poderiam ser considerados proficientes em compreensão de leitura, o que os colocaria em um nível alto ou avançado de proficiência. Na Espanha e em Portugal, por exemplo, esse percentual chega a 36% e 35%, respectivamente.

Pirls reforça o cenário de desigualdade no sistema educacional brasileiro. A diferença de desempenho médio entre alunos de alto nível socioeconômico e baixo nível socioeconômico no país foi de 156 pontos.

No plano internacional, essa diferença é de 86 pontos entre os dois grupos, aponta o sumário executivo do estudo produzido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Há também desigualdades raciais. Os alunos autodeclarados brancos e amarelos têm desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os alunos pretos, pardos e indígenas têm média de 399 pontos.

O desempenho das meninas se destaca em relação aos meninos. Eles atingem uma pontuação média de 431 pontos, “significativamente superior à pontuação média dos meninos” de 408 pontos.

A amostra de alunos brasileiros participantes foi coletada em 187 escolas públicas e privadas de 4ª série (predominantemente alunos de 9 anos).

O 4º ano de escolaridade foi escolhido pelo IEA por corresponder a uma fase em que os alunos geralmente já consolidaram a sua aprendizagem na leitura e, assim, transitam do “aprender a ler” para o “ler para aprender”. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular estipula o 2º ano como meta para a alfabetização, enquanto o PNE (Plano Nacional de Educação) coloca o 3º ano como ponto de corte.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promete apresentar em breve um novo pacto pela alfabetização na idade certa. A ação é considerada uma das prioridades da gestão no campo da educação.

PAULO SALDAÑA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

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