O ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) compareceu, nesta quarta-feira, 26, ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE-RN), acompanhado de advogados e demais auxiliares técnicos.
A visita acontece um dia após a 2ª Turma do órgão ter decidido reprovar a prestação de contas da Prefeitura para o Natal de 2016, quando Carlos era prefeito. A rejeição dos projetos do TCE pode trazer sérias consequências políticas para o ex-prefeito, já que, se confirmado pela Câmara Municipal, ele pode ficar inelegível por oito anos.
Carlos Eduardo fez a visita para buscar informações sobre o que levou à reprovação das contas e também para se colocar à disposição do órgão para esclarecer os pontos questionados.
Advogados e auxiliares do ex-prefeito trabalham com a expectativa de reverter o resultado no plenário do TCE-RN. Mas também traçam uma estratégia jurídica caso os projetos sejam definitivamente rejeitados pela agência e depois pela Câmara Municipal.
A avaliação da equipe técnica e jurídica de Carlos Eduardo é que, mesmo que os projetos sejam reprovados, o ex-prefeito pode preservar seus direitos políticos.
Isso porque a Lei de Inelegibilidade estabelece que os gestores públicos cujas contas sejam indeferidas só são inelegíveis quando configurado “ato doloso de improbidade administrativa”, o que, na análise de Carlos Eduardo e seus auxiliares, não ocorre.
Além disso, em 2021, uma lei complementar aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) estabelecia que a punição de inelegibilidade “não se aplica a administradores que tiverem suas contas julgadas irregulares sem imputação de débito e sancionadas exclusivamente com o pagamento de multa”.
Ou seja, de acordo com a lei, não basta reprovar as contas nas câmaras municipais – é preciso provar que houve intenção de errar. E, mesmo assim, a condenação ao pagamento de multa não se aplica a essas regras.
Em comunicado nas redes sociais na terça-feira, 25, Carlos Eduardo enfatizou que a rejeição das contas pela 2ª Turma do TCE se deveu a problemas “de natureza contábil”. Aos interlocutores, o ex-prefeito tem enfatizado que as falhas apontadas pela equipe técnica do Tribunal de Contas são todas formais, e que não houve a intenção de praticar irregularidades.
A flexibilização da Lei de Inelegibilidade foi uma forma de reduzir o poder das câmaras municipais. Isso porque havia uma avaliação de que o julgamento da responsabilidade dos ex-dirigentes estava sendo usado como forma de perseguir adversários políticos.
No caso de Carlos Eduardo, o ex-prefeito enfrenta forte oposição na Câmara de Vereadores. A reprovação de contas na Câmara é dada como certa, mesmo que o TCE emita parecer pela aprovação. O ex-prefeito, então, já trabalha com a alternativa de acionar o Judiciário e usar a nova lei a seu favor.
Em nota emitida por ocasião da sanção da nova lei, a Presidência da República afirmou que procurou evitar “punições desproporcionais” para que “infrações meramente formais, com pouco potencial ofensivo, que não tenham causado prejuízo ao Erário ou ilícitos enriquecimento a agentes, não ensejam a perda temporária dos direitos políticos do administrador”.