Cláudia Abreu apresenta espetáculo “Virginia” na TAM

‘Virginia’ é o resultado das diversas travessias que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Cláudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e obra do autor inglês são os motores da criação deste espetáculo, resultado de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos. Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo também marca sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em ‘Noite de Reis’ (1997). Em Natal, as apresentações serão nos dias 3 e 4 de junho, no Teatro Alberto Maranhão.
A relação de Cláudia com Virginia Woolf começa em ‘Orlando’, montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, teve os primeiros contatos com a escritora de clássicos como ‘Mrs Dalloway’, ‘Ao Farol’ e ‘As Ondas’ . Porém, foi somente em 2016, por recomendação de um professor de literatura, que a atriz se redescobriu e mergulhou de cabeça no universo da autora. Depois de ler e reler alguns livros, entre memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virgínia tomou conta.
“Eu me apaixonei por ela de novo. Fiquei fascinado ao ver como uma pessoa conseguiu construir essa obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu juntar as peças?’, questiona a atriz, que vê ‘Virginia’ também como um marco de amadurecimento em sua trajetória: ‘o texto também vem dessa vontade de fazer algo que me toque, o que estou interessado em falar sobre hoje. Falar do ser humano, do que fazemos com a dor da existência, das incertezas da criação artística, e falar também da condição da mulher ontem e hoje. Não conseguiria interpretar uma personagem tão profunda sem a experiência pessoal e teatral que tenho hoje’, avalia.
A dramaturgia de ‘Virgínia’ foi concebida como um inventário íntimo da vida do autor. Em seus últimos momentos, ela relembra acontecimentos marcantes de sua vida, sua paixão pelo conhecimento, momentos felizes com seus queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. A estrutura do texto se baseia no traço mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capazes de ‘dar corpo’ às vozes reais ou ficcionais, sempre presentes em sua mente.
‘Fazer o monólogo foi uma opção natural nesse processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Nunca quis ficar sozinha, sempre gostei de brincar com outras colegas no palco, mas a personagem me empurrou para isso’, analisa Claudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante o período da pandemia, já acompanhado de Amir Haddad.
A chegada de Amir ao projeto atende ao desejo de Claudia de encenar seu próprio texto. ‘Tem como premissa a liberdade, permite que o ator seja o autor de sua escrita cênica, isso foi fundamental em todo o processo. O ator é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita a partir do que eu improvisei espontaneamente e depois organizei como dramaturgia’, relata a atriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o roteiro da série ‘Dia dos Namorados’, em 2017 , do qual ela também é co-criadora.
Malu Valle, que assina a codireção da montagem, chegou ao processo quando Amir se recuperava da covid e contribuiu com toda a fase final de ‘Virgínia’. Em Natal, as apresentações do espetáculo ‘Virgínia’ são produzidas pela Bobox Produções e Casa de Zoé e contam com o apoio dos restaurantes: Tábua de carne; Thomé Galeria Bistrô; Nau Frutos do Mar e Zeh Cozinha.
Breve sinopse
Cláudia Abreu estreia o seu primeiro monólogo, que concebeu e escreveu a partir da vida e obra de Virginia Woolf (1882-1941). No palco, a atriz interpreta a genial escritora inglesa, cuja trajetória foi marcada por tragédias pessoais e uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. A estrutura do texto se baseia no traço mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capazes de ‘dar corpo’ às vozes reais ou ficcionais, sempre presentes em sua mente.