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Comissão quer envolver a sociedade no debate sobre regulamentação da internet

O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) lançou uma consulta pública sobre a regulamentação das plataformas digitais, com o objetivo de sistematizar medidas que possam contribuir para a promoção de um ambiente mais seguro e democrático de uso da internet no país. A iniciativa foi lançada durante seminário promovido pelo CGI.br nesta terça-feira (25), em Brasília. A ideia é envolver diversos setores da sociedade, inclusive os próprios usuários da rede, na proposição de iniciativas que possam aprimorar a legislação do setor.

A consulta ao CGI.br ocorre em meio ao processo de discussão em torno do Projeto de Lei 2.630/2020, o chamado PL das Fake News, cujo pedido de urgência foi aprovado nesta noite na Câmara dos Deputados. A votação de mérito está prevista para a próxima semana.

“Lançamos hoje uma consulta pública dirigida aos internautas, brasileiros e brasileiras que têm contribuições a dar nesse amplo escopo regulatório que precisamos desenvolver no Brasil, para criar regras para as atividades dessa empresa. Essa consulta tem uma perspectiva muito mais ampla, é muito mais ampla do que o debate que está ocorrendo atualmente em torno do PL 2630. Abordamos aspectos de regulação econômica, questões envolvendo soberania digital, questões de trabalho no ambiente de plataforma, sob a ótica do trabalho decente , a questão dos direitos humanos”, explica Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.

votação iminente
A votação do PL 2630, projeto que vem sendo discutido há mais de três anos, foi acelerada nas últimas semanas após episódios de violência e ameaças contra escolas, disseminados principalmente nas redes sociais. E também em decorrência dos atos golpistas de 8 de janeiro deste ano. O artigo, de autoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. O texto estabelece regras para combater a disseminação de conteúdo falso e criminoso em plataformas como Facebook e Twitter, e em serviços de mensagens privadas, como WhatsApp e Telegram. Um dos princípios estabelecidos no texto é o “dever de cuidado” com conteúdos sensíveis, como a proteção de crianças e adolescentes e questões que possam afetar a ordem democrática.

Para a advogada Estela Aranha, assessora de direitos digitais do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a nova lei deve criar incentivos para que as plataformas sejam obrigadas a lidar com situações de risco. Ela comparou a responsabilidade das plataformas com a de um hospital que recebe pacientes. “O hospital não é responsável pelas mortes que ali acontecem, a menos que não tenha cuidado para que as infecções se espalhem”, exemplificou.

órgão regulador
Mesmo não pretendendo focar no debate específico do PL 2630, a consulta lançada pelo CGI.br ainda pode levantar discussões sobre alguns aspectos importantes da legislação em discussão no Congresso e que, se aprovada, ainda precisará ser definida pelo governo federal na regulamentação. É o caso, por exemplo, do plano de criação de um órgão independente para promover a regulação das plataformas digitais no país.

“A discussão sobre esse tipo de corpo é mundial, então vários países têm falado sobre isso. O melhor caminho tem sido essa coisa de uma autoridade independente que pode ser muito protegida do lobby da plataforma e independente do atual governo, para evitar viradas autoritárias, que ninguém quer. E esse órgão também precisa ser capaz de estimular debates e visões de futuro, porque as mudanças tecnológicas são muito rápidas, estamos vendo coisa de inteligência artificial, por exemplo. A maior parte dos problemas que estamos vendo nas plataformas já foi comentada há dez anos”, analisa o professor Rafael Evangelista, pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro do CGI.br representando a comunidade científica comunidade.

A mudança no ambiente informacional na última década criou a necessidade de uma nova regulamentação para as comunicações, desta vez focada na atuação das redes sociais.

“Saímos de um ambiente informacional organizado em torno do jornalismo profissional e passamos a ter as plataformas como centro de gravidade do debate público. Isso traz alguns efeitos positivos, como a participação de mais pessoas, mas também traz alguns efeitos negativos, porque, de certa forma, trazemos o engajamento do usuário como principal objetivo de organização da esfera pública”, argumentou o secretário de Polícia Digital da o secretário de Comunicação Social da Presidência da República, João Brant.

A consulta pública está disponível no site CGI.br e busca esclarecer dúvidas sobre o que regulamentar, como regulamentar e quem vai implementar esse sistema regulatório.

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