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CPI do 1/8 reedita disputa entre Lira e Renan;  Base de Lula opera para posições-chave

Departamento Arthur Lira PP-AL – Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados

Às vésperas de ser criada no Congresso, a CPI de 8 de janeiro reeditou a disputa entre Câmara e Senado e também o embate entre o presidente Arthur Lira (PP) e o senador Renan Calheiros (MDB), rivais históricos tanto em Alagoas quanto em Brasília.

O PP, partido de Lira, pressiona pela indicação do deputado federal André Fufuca (PP-MA) para relator da comissão e, apesar do estatuto, defende que a preferência seja dada à Câmara dos Deputados.

Base de Lula fala em reagendar a equipe da CPI da Covid do Senado e colocar ex-integrantes da comissão em um dos cargos-chave, como Renan – relator da CPI da pandemia e que não esconde o interesse em participar agora da comissão que vai apurar o golpe ataques às sedes dos três Poderes.

Apesar da pressão dos aliados de Lira, os senadores afirmam que o regimento apenas diz que a relatoria deve ser alternada entre as Casas em cada comissão e que a última CPI mista, sobre fake news, teve um representante da Câmara nesse cargo.

A avaliação dos governistas, porém, é de que há argumentos para os dois lados e que a decisão sobre a relatoria e a presidência da comissão mista será resultado de um acordo político.

Para o Palácio do Planalto, a preocupação central deve ser evitar que parlamentares que apoiaram os atentados de 8 de janeiro ocupem posições estratégicas. O PT cogita, inclusive, entrar na Justiça para bloquear a participação do deputado federal André Fernandes (PL-CE), autor do pedido.

Renan faz parte dos aliados de Lula que, desde os atos de 8 de janeiro, defendem a criação de uma CPI apenas no Senado como forma de garantir que a investigação não seja dominada pela oposição – como escreveu em artigo na Folha de São Paulo em fevereiro.

Agora, a interlocutores, o senador tem dito que o fato de Lira ter apoiado Bolsonaro o torna um aliado pouco confiável para Lula e que um eventual apoio do centrão ao governo na CPI mista poderia ter um alto custo político para o Planalto.

Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou nesta terça-feira (25) que o governo está tranquilo com as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto – que levaram à saída do ministro do GSI ( Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias e impulsionou a criação da CPI mista.

Um dos assessores mais próximos de Lula, o senador disse que o general GDias, como é chamado, estava sozinho no local –ou “talvez tivesse o seu segundo”–, e que “quem quer que estivesse operando ali, desde a pessoa mais simples até a mais formados” eram integrantes do governo Bolsonaro.

“Em cinco dias não se muda de time. As imagens apenas confirmam que houve clemência por parte dessas pessoas. Funcionários brincando, olhando para seus celulares, enquanto o tumulto tomava conta. Essas pessoas têm que ser responsabilizadas. Todo mundo lá é funcionário público, não funcionário do governo”, disse ela.

“’Ah, mas o povo não foi eficiente.’ Se houver alguém do nosso governo, que eu não conheço, que tenha sido ineficiente, ele será punido. Conivente certamente não tem ninguém. Tem muita gente do governo anterior”, acrescentou o senador, que também é ex-ministro da Defesa.

O primeiro passo para a CPI é a sua criação, que ocorre com a leitura de seu pedido durante sessão do Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve fazê-lo nesta quarta-feira, 26.

A leitura da candidatura por Pacheco significa que a comissão foi criada, mas não implica a sua instalação imediata. Antes do início das atividades da comissão, ainda há um prazo para que os senadores incluam ou retirem suas assinaturas do requerimento.

Além disso, a instalação realmente acontece apenas com a primeira sessão da comissão. Para isso, é necessário que os blocos partidários indiquem seus representantes para a composição do colegiado.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o governo tentará controlar a comissão para minimizar os danos e limitar a ação do bolsonarismo.

Segundo o Executivo, sua base de apoio terá direito a 21 das 32 cadeiras – 11 no Senado e 10 na Câmara. Para isso, o Planalto precisará construir acordos com o bloco Lira, além de siglas consideradas independentes, como os republicanos.

Na segunda-feira, 24, Lira minimizou sua influência na comissão parlamentar de inquérito. O presidente da Câmara disse que não participou de nenhuma conversa com o governo e o Senado para discutir quem será o presidente do grupo – e de qual Casa ele será.

“A CPMI não depende do presidente da Câmara. Depois, há a eleição do presidente, que indicará o relator. Em função justamente desse contexto, as presidências das Casas têm pouca influência nessa situação”, afirmou.

O PL na Câmara, mesmo com pressão contra o nome de André Fernandes, diz que mantém sua indicação e que os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), amigo da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ex-diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

No Senado, o partido deve indicar os bolsonaristas Magno Malta (PL-ES) e Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário de Pesca de Bolsonaro. O PP de Lira pretende contar com o Espiridião Amin (PP-SC). O senador Cleitinho (Republicanos-MG), eleito em Minas Gerais com apoio direto de Bolsonaro, disse à reportagem que também quer participar.

JOÃO GABRIEL, VICTORIA AZEVEDO, THAÍSA OLIVEIRA E CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

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