Defasagem da gasolina já ameaça consumo de etanol, diz Abicom

A defasagem do preço da gasolina no mercado brasileiro já ameaça o consumo de etanol, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, mas não há expectativa de reajuste por parte da Petrobras antes da Assembleia Geral Ordinária (AGO). , marcada para 27 de abril. A reunião vai mudar os membros do Conselho de Administração da estatal, ainda comandada por indicados pelo governo Bolsonaro.
O diesel, segundo a entidade, está em linha com o preço de importação e tem negócios garantidos, segundo Araújo, principalmente com o diesel russo.
A Petrobras reajustou o preço do diesel há 19 dias e manteve o preço da gasolina congelado por 41 dias. A Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada no ano passado, faz reajustes semanais e, na última quarta-feira, reduziu a gasolina em R$ 0,18 o litro e o diesel em R$ 0,007 o litro.
Segundo a Abicom, o preço médio da gasolina no Brasil está 7% abaixo da paridade de importação (PPI), chegando a 9% no polo de Araucária (PR) e 6% em Aratu (BA). Para chegar à paridade, a Petrobras poderia aumentar a gasolina em R$ 0,25 por litro no mercado interno.
“Pode haver um pequeno aumento no preço da gasolina, mas não acredito que a Petrobras vá fazer isso agora com toda a pressão sobre os preços da Petrobras”, avalia Araújo.
Segundo ele, o que vai acontecer com a política de preços da estatal após a AGO ainda é um mistério, e a interferência do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na semana passada, não ajudou no debate sobre o assunto. Silveira disse nesta quarta-feira, dia 5, que os preços da estatal não estarão mais atrelados ao mercado internacional, mas a um preço “interno” dos combustíveis. A teoria segue a determinação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de “abrasileirar” os preços da estatal.
“A política da Petrobras continua em aberto e teve até esse posicionamento indevido do ministro de Minas e Energia que piorou as coisas. Não acredito que haja mudanças até que a nova diretoria se reúna de fato”, diz o executivo.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou a intenção de acabar com o PPI, política implementada em 2016 no governo Michel Temer e mantida pelo governo Bolsonaro. Prates defende preços que garantam a competitividade da estatal no mercado, levando em consideração as diferenças regionais.
Denise Luna – Estadão Conteúdo