A defesa de Anderson Torres descartou na manhã desta sexta-feira a possibilidade de um acordo de colaboração premiada, mas disse que o ex-ministro vai colaborar com as investigações denunciadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
“Não, não existe essa possibilidade de delação. O que Anderson vai fazer é cooperar para que os fatos que levaram àqueles atos odiosos de 8 de janeiro sejam esclarecidos o mais rápido possível”, disse o advogado Eumar Novacki em entrevista coletiva para jornalista em seu escritório.
O defensor também foi questionado sobre as senhas de celulares que Torres havia prometido e não repassado às autoridades, que foram usadas por Moraes para mantê-lo preso até quinta-feira, 11.
Segundo Novacki, a PF encaminhou um laudo que apontaria que não houve problema com as senhas e que, caso MorAes indique um perito, Torres abrirá o conteúdo dos aparelhos à Justiça.
“Ele apresentou as senhas, saiu na imprensa que estavam erradas, não é essa a história. Com o laudo da PF, respondemos também porque houve falha técnica e disponibilizamos, caso o ministro determine o perito, agiremos de boa vontade para abrir todas as informações”, afirmou.
Torres saiu da prisão na noite desta quinta-feira, dia 11, ele estava preso desde janeiro por suposta omissão nos ataques golpistas do dia 8 de janeiro.
Na decisão que liberou Torres, Moraes determinou medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair do Distrito Federal ou sair à noite e nos finais de semana.
Torres, que é delegado da Polícia Federal, também foi afastado do cargo. Ele terá que entregar o passaporte e comparecer semanalmente à Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal, além de ter o porte de arma suspenso.
“No momento atual da investigação criminal, cessaram as razões para manter a medida cautelar extrema em relação a Anderson Gustavo Torres, pois a necessária compatibilidade entre a Justiça Criminal e o direito à liberdade demonstra que a eficácia da prisão preventiva já alcançou seu finalidade, com a efetiva realização de novas diligências policiais, que se encontravam pendentes”, afirmou Moraes.
Na operação da qual Torres foi alvo, em janeiro, a PF encontrou em sua residência uma minuta de decreto para Bolsonaro instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no final do ano passado. O objetivo seria reverter o resultado da eleição em que Lula (PT) venceu. Tal medida seria inconstitucional.
FÁBIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)