O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, defende que representantes dos Três Poderes e da sociedade civil façam parte de um novo órgão de fiscalização das redes sociais.
“Então pode ser o poder executivo, pode ser um órgão que tem composição mista. É o modelo que mais gosto. Acho que tinha que ser um pouco dos Três Poderes e um pouco da sociedade civil sem uma estrutura pesada. Quando falo em agência reguladora, penso em uma estrutura pesada que às vezes não funciona bem, ou um conselho que estabelece diretrizes”, afirmou.
A declaração do ministro aconteceu nesta quarta-feira, 19, ao ser questionado sobre qual seria o melhor sistema de governança regulatória, em entrevista concedida ao Jota.
Dino enfatizou que os principais defensores da regulação democrática devem ser os mesmos defensores da liberdade de expressão, ao criticar aqueles que acham que as duas coisas não andam juntas.
“É uma tentativa de colocar uma contradição ou você defende a liberdade de expressão ou você defende a regulamentação. Não. Quem absolutiza a liberdade de expressão é um fariseu no sentido bíblico ou é um túmulo caiado, é falso. Ele usa a liberdade de expressão como um escudo para destruí-la”, disse ela.
“É por isso que precisamos de regulamentação. Qual é a quantidade máxima de privacidade que temos? Nossa casa. Nossa casa tem várias normas legais na nossa sala, na nossa cozinha, leis trabalhistas, código civil, estatuto da criança e do adolescente, dentro da nossa casa.”
“Privacidade tem regra, tem regulamentação. A internet não pode ser um espaço mais desregulado do que a própria casa em nome da privacidade”, disse ela.
Após uma tentativa frustrada no ano passado de acelerar um projeto que regulamenta a atuação das plataformas no país, o Congresso trabalha nos últimos detalhes de um texto que deve ser votado até o final do mês, em meio à pressão nas redes sociais motivada pelos recentes ataques. para escolas.
O relator do texto, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), finalizou nesta segunda-feira, 17, a minuta do substitutivo, incorporando algumas sugestões do governo. Agora, ele começa a rodar as bancadas dos deputados para negociar ajustes na proposta que será votada em plenário.
Segundo o prefeito, Arthur Lira (PP-AL), a expectativa é que o projeto, batizado de PL das Fake News, seja votado nos dias 26 e 27 deste mês.
A discussão sobre a criação de um órgão para fiscalizar e multar as redes sociais —e como seria— é um dos pontos desafiadores da regulamentação das plataformas, tema abordado no PL das Fake News.
O substitutivo afirma que o “Executivo pode constituir órgão fiscalizador autônomo” e que “deve ter garantias de autonomia administrativa e independência no processo decisório”, além de contar com espaços formais de participação multissetorial.
Entre as atribuições da entidade estariam a fiscalização, a aplicação de sanções e a regulamentação de pontos da lei.
Mesmo que se chegue a um consenso sobre a atribuição da tutela a um órgão externo ao Judiciário, o formato e a composição do órgão devem ser objeto de debate. Um primeiro ponto deve ser decidir se a tarefa caberia a um novo órgão ou a uma estrutura existente.
RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)