Nos dois primeiros meses deste ano, os incêndios atingiram 211 hectares do território — Foto: Divulgação
Os registros de queimadas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, mostraram queda de 62% nos dados acumulados dos meses de janeiro e fevereiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Monitor do Fogo, que calcula os efeitos das queimadas no território nacional a partir de imagens de satélite, e foram divulgados nesta quarta-feira (15) pelo MapBiomas, em parceria com o Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM). ). Nos dois primeiros meses de 2022, o total de focos de incêndio detectados na reserva foi de 557 hectares. Já nos primeiros dois meses deste ano, os incêndios atingiram 211 hectares do território.
A redução da área queimada está ligada à operação de retomada da presença do Estado no território, após a repercussão internacional da crise humanitária vivida pelos Yanomami. É o que diz Ane Alencar, diretora de Ciências do Ipam e coordenadora do MapBiomas Fogo.
“Segundo o Monitor de Incêndio, embora Roraima fosse o [estado] que mais queimou na Amazônia neste ano, houve uma redução ainda maior na Terra Indígena Yanomami. É possível avaliar essa mudança como consequência do ressurgimento do Estado na região e de uma governança que foi reaberta para o cumprimento da lei”, aponta o especialista.
Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras, os Yanomami convivem com a destruição ambiental, a contaminação das águas dos rios, a disseminação de doenças como malária e pneumonia, além da violência. A situação é histórica, mas piorou nos últimos quatro anos.
Desde janeiro deste ano, após decreto de emergência sanitária do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma operação interministerial começou a ser realizada na região para desmantelar o garimpo ilegal, expulsar invasores e reforçar a saúde dos indígenas.
Dados divulgados esta semana pelo Monitor do Fogo também mostram que a Amazônia foi o bioma mais afetado por queimadas no Brasil nos dois primeiros meses do ano. Os estados de Roraima, Mato Grosso e Pará lideram a extensão das áreas afetadas. Em Roraima, eram 259 mil hectares em 2023, representando 48% de toda a área queimada do Brasil. Apesar disso, o estado que abriga a maior terra indígena teve menos queimadas este ano do que no primeiro bimestre do ano passado, quando 470 mil hectares foram queimados.
No total, a área queimada em todo o bioma Amazônia, nos primeiros dois meses de 2023, equivale a quatro vezes a área de Belém, capital do Pará, e representa 90% de todos os focos de incêndio registrados no país. O Brasil teve 536 mil hectares queimados nos dois meses, área 28% menor que a registrada no mesmo período de 2022.