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Enfermeira diz à PF que emprestou senha para patrão deletar cadastro de vacina de Bolsonaro

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, chefe do posto de vacinação de Duque de Caxias (RJ), disse em depoimento à Polícia Federal que emprestou sua senha à secretária municipal para apagar os registros de vacinação do o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ela disse aos investigadores da suposta fraude no sistema de vacinação que havia sido contatada pelo secretário João Brecha na data da exclusão, mas informou que não havia recebido os CPFs dos excluídos sob a alegação de não “envolvê-la em problemas, já que eram pessoas relevantes e conhecidas”.

Cláudia foi um dos alvos no dia 3 de maio da operação Venire, que fez buscas na residência de Bolsonaro e prendeu alguns de seus principais assessores, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Assessoria de Ordens da Presidência.

Ao falar sobre o motivo do empréstimo da senha pessoal do sistema de vacinação, ela justificou não ter visto “nenhuma má-fé” no pedido da secretária e disse acreditar que as exclusões seriam “respeitáveis”.

As exclusões foram registradas no dia 27 de dezembro pelo usuário em nome de Cláudia Rodrigues e estão entre as informações coletadas pela PF na investigação de fraude no sistema do Ministério da Saúde para emissão do certificado de vacinação contra a Covid a ser usado na viagem aos Estados Unidos. Unidos por Bolsonaro e seus assessores.

Claudia foi contatada, mas não retornou o contato. A Prefeitura de Duque de Caxias informou que, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, abriu inquérito no último dia 4 para apurar os fatos e responsabilidades sobre as circunstâncias supostamente ocorridas no município.

Segundo a investigação da PF, deu entrada no sistema como se Bolsonaro tivesse tomado duas doses da vacina contra a Covid, a primeira em 13 de agosto e a segunda em 14 de outubro.

A inclusão desse registro retroativo de vacinação na rede do Ministério da Saúde, porém, só ocorreu no dia 21 de dezembro, pouco antes da viagem do então presidente aos Estados Unidos.

No dia seguinte, 22 de dezembro, o atestado de vacinação de Bolsonaro foi emitido de dentro do Palácio do Planalto.

Dias depois, em 27 de dezembro, foi emitido novamente um atestado, e então o usuário, em nome do chefe de vacinação de Duque de Caxias, deletou o registro do sistema com a justificativa de “erro”.

Para a PF, a “coerência lógica e temporal desde a inserção de dados falsos” até a geração das certidões indicam que Bolsonaro e Mauro Cid, seu auxiliar, “tinham pleno conhecimento da inserção fraudulenta de dados de vacinação”.

Embora o registro no sistema de vacinação afirme que a exclusão de vacinas ligadas a Bolsonaro se deu por erro, a PF afirma no pedido de busca contra Bolsonaro que isso foi feito para “dificultar a identificação do benefício do crime de inserção de dados falsos”. no sistema”.

O chefe da vacinação no município do Rio de Janeiro também foi questionado por pesquisadores sobre a inserção de vacinas em nome de Bolsonaro no sistema.

No inquérito da PF, os autos de inserção estão em nome do próprio secretário de Governo, João Brecha. Cláudia Rodrigues disse desconhecer os fatos e disse não ter contato com políticos.

Sobre as inserções das carteiras de vacinação de Mauro Cid e seus familiares, ela disse não ter informações sobre a presença deles no município e como foram feitas as inclusões.

Outro tema abordado pela PF foi o relacionamento com o secretário João Brecha. Cláudia disse não o conhecer pessoalmente e que o pedido para ajudá-lo no acesso ao sistema de vacinação foi feito por sua patroa, a secretária de Saúde, Célia Serrano.

Somente após um pedido de seu superior, ela disse, as duas começaram a se falar por WhatsApp.

Na representação em que pediu as buscas contra Bolsonaro, a PF detalha minuto a minuto como foram as mudanças no sistema e a carteira de vacinação foi emitida em nome do ex-presidente.

As inserções, emissão de certidões e posterior exclusão de registros, para a PF, configuram a existência de crime.

“Tal conduta, contextualizada com as informações apresentadas, indica que as falsas inserções podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro relacionada a fatos e situações que exigem comprovação de vacinação contra a Covid-19 ”, afirma a PF.

A Procuradoria-Geral da República se opôs às buscas solicitadas pela PF e afirmou que Mauro Cid “teria idealizado e conduzido toda a ação criminosa” sem o conhecimento do ex-presidente.

“Não há evidências mínimas para apoiar o envolvimento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro com atos exequíveis de inserção de dados falsos sobre vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde e com o possível uso de documentos ideologicamente falsos”, diz o comunicado assinado. por Lindôra Araújo.

Moraes discordou da PGR na tese de que Cid agiu sozinho e concedeu as buscas.

“Não há indícios nos autos que dêem credibilidade à versão de que o ajudante de campo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro poderia ter comandado uma operação criminosa relevante, dirigida diretamente ao então deputado e sua filha LFB, sem, no mínimo, conhecimento e aquiescência dos primeiros, circunstância que só poderá ser apurada com a realização das diligências de busca e apreensão exigidas pela autoridade policial”, disse o ministro.

Veja o minuto a minuto da suposta fraude na ficha de vacinação de Bolsonaro:

21/12/2022 às 19h

O secretário de Governo de Duque de Caxias, João Carlos Brecha, inseriu dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro

22/12/2022 às 7h59

O usuário associado ao ex-presidente, por meio do IP cadastrado no Palácio do Planalto, acessou o aplicativo ConectaSUS

22/12/2022 às 8h

O usuário emite o certificado de vacinação contra a Covid-19 contendo o registro de três doses de vacina, sendo duas da fabricante Pfizer, tomadas no município de Duque de Caxias

22/12/2022 às 8h20

A mudança cadastral ocorre no “Gov.br” do então presidente, passando a ter o e-mail de Marcelo Câmara, assessor indicado para acompanhar Jair Bolsonaro, como ex-presidente da República

27/12/2022 às 14h19

O usuário do ex-presidente da República, por meio do IP cadastrado no Palácio do Planalto, acessou o aplicativo ConectaSUS

27/12/2022 às 14h19min44s

O usuário reemitiu o certificado de vacinação contra a Covid-19 contendo o registro das mesmas vacinas

27/12/2022 às 20h59

Após a geração desse segundo certificado, os registros de vacinas da fabricante Pfizer em nome de Bolsonaro foram excluídos do sistema do Ministério da Saúde.

Segundo a PF, quem apagou os registros foi a operadora Claudia Acosta da Silva, sob a justificativa de ‘erro’

30/12/2022 às 12h02

O usuário associado ao ex-presidente usou o endereço IP vinculado ao terminal telefônico em nome de Mauro Cid para acessar o aplicativo ConectaSUS

30/12/2022 às 12h02min24s

O usuário ligado a Bolsonaro emitiu um novo atestado de vacinação contra a Covid19, agora contendo apenas o registro da vacina da fabricante Janssen, pois as demais já haviam sido excluídas.

por volta das 14h

Cerca de duas horas após a emissão do certificado, Mauro Cid e Jair Bolsonaro viajaram de Brasília para a cidade de Orlando, nos Estados Unidos. O voo da Força Aérea Brasileira decolou por volta das 14h.

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