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EUA anunciarão US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia nos próximos 5 anos

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Joe Biden – Foto: Ricardo Stuckert

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai anunciar nesta quinta-feira (20) que o país pretende injetar US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) no Fundo Amazônia nos próximos cinco anos.
O valor é dez vezes maior do que havia sido sugerido pelos americanos às autoridades brasileiras durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Casa Branca em fevereiro, de US$ 50 milhões, e que foi considerado abaixo das expectativas em A Hora.

O valor, porém, ainda depende da aprovação do Congresso americano para ser liberado. Biden tem maioria no Senado, mas minoria na Câmara, onde os republicanos, que controlam a Câmara, são críticos do que chamam de gastos governamentais desenfreados e muito mais resistentes ao comprometimento de recursos de outros países, principalmente na mitigação das mudanças climáticas. , tema que não figura nas prioridades dos deputados da legenda.

O anúncio será feito no Fórum das Grandes Economias em Energia e Clima (MEF), que reúne as 26 maiores economias do mundo, que inclui o Brasil. O encontro virtual contará com falas de líderes desses países, inclusive do presidente Lula, marcado para as 9h30.

Espera-se também que Biden incentive outros países a contribuir com o Fundo Amazônia, segundo assessores do governo.

O governo dos EUA diz ainda que “está trabalhando” em um aporte de US$ 50 milhões (R$ 250 milhões) em uma iniciativa do BTG Pactual que pretende captar US$ 1 bilhão para restaurar 300 mil hectares de áreas degradadas no Brasil, Uruguai e Chile.

O presidente dos EUA também deve anunciar recursos para outras iniciativas globais de preservação ambiental, incluindo US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) para o Fundo Verde do Clima da ONU, elevando a participação do país no fundo para US$ 2 bilhões. .

Os americanos também esperam que o Brasil assuma compromissos climáticos no evento, segundo autoridades da Casa Branca.

O evento deve marcar o primeiro encontro, ainda que por videoconferência, entre Lula e Biden após os empecilhos diplomáticos dos últimos dias envolvendo o discurso do brasileiro de que os Estados Unidos têm interesse em continuar a Guerra na Ucrânia – disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca até chamou o discurso de repetição da propaganda russa. O líder chinês Xi Jinping também deve falar.

Segundo o governo dos EUA, os países que compõem o fórum são responsáveis ​​por 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Criado em 2008, o Fundo Amazônia trabalha com pagamentos baseados em resultados de conservação da floresta amazônica. As doações acontecem quando há queda nas taxas de desmatamento, com base em dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Desde a sua criação, o mecanismo recebeu financiamento de dois países, a Noruega, o maior financiador, e a Alemanha. Os pagamentos são voluntários e podem ser feitos por outros governos, bem como por empresas.

Novas contribuições foram paralisadas durante o governo Bolsonaro, após um decreto presidencial que extinguiu os conselhos participativos – entre eles havia duas comissões que fiscalizavam as ações do Fundo Amazônia. Com isso, os europeus suspenderam as transferências. Além disso, sucessivos recordes de desmatamento nos últimos quatro anos afugentaram novos parceiros.

Após a derrota do ex-presidente nas eleições de 2022, porém, novos investimentos e intenções de acordos começaram a ser anunciados. Logo após a segunda rodada, a Noruega disse que reativaria a ferramenta e a Alemanha declarou investimentos de 35 milhões de euros (cerca de R$ 194 milhões), como recompensa pelos dados positivos de desmatamento em 2017.

Desde então, outros países se juntaram ao coro. Em visita ao Brasil, a chanceler francesa, Catherine Colonna, afirmou que a França e a União Européia estudam contribuir para o fundo. O Reino Unido também sinalizou que está analisando essa possibilidade, e também haveria negociações nesse sentido com a Suíça.

Além disso, na reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, disse que a fundação liderada pelo ator Leonardo DiCaprio e a Fundação Bezos, que leva o nome do fundador da Amazon, fez contribuições para o mecanismo.

ENTENDA COMO O FUNDO AMAZÔNIA PODE SER USADO

o tamanho do fundo

Desde 2008, o Fundo Amazônia arrecadou um total de R$ 3,39 bilhões em doações. A maior parte veio da Noruega (R$ 3,18 bilhões). A Alemanha depositou R$ 192,6 milhões. A Petrobras também doou R$ 17,2 milhões ao fundo.

Para onde o dinheiro vai

O objetivo do fundo é arrecadar recursos para projetos de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de ações de conservação e uso sustentável do bioma Amazônia, mas até 20% dos recursos podem ser destinados a outros biomas.

quem recebe

Os projetos podem ser propostos pelos governos federal e estadual, por organizações sem fins lucrativos, instituições multilaterais e também por empresas.
Governança

O fundo é administrado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com dois comitês: um técnico, que certifica os dados e cálculos das emissões, e outro assessor, com membros da sociedade civil, que define critérios para a aplicação dos recursos .

Redd, uma sigla brasileira

O mecanismo funciona de acordo com os parâmetros Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), propostos pelo Brasil na conferência do clima de 2006 da ONU. O Fundo Amazônia tornou-se referência para as definições de salvaguardas do mecanismo global Redd, adotado nos anos seguintes.
saída diplomática

O fundo busca simultaneamente estimular a confiança dos doadores na eficácia da aplicação dos recursos e financiar florestas sem gerar créditos de carbono (uma espécie de “direito de poluir”). No caso do Fundo Amazônia, as reduções nas emissões de carbono estão contempladas na meta brasileira do Acordo de Paris e não são vendidas como contrapartida aos doadores.

momento chave

Com a proposta de retomada da fiscalização – paralisada após o desmantelamento dos órgãos ambientais no governo anterior – a gestão de Marina Silva aposta no uso de recursos do Fundo Amazônia para recompor o orçamento de controle ambiental do ministério. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também afirmou que a pasta vai precisar de recursos do fundo.

THIAGO AMÂNCIO – FOLHAPRESS

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