Gilmar Mendes se recusa a responder Moro no ‘Roda Viva’, mas ‘desafia’ ex-juiz para debate

Enquanto acontecia a entrevista – marcada por críticas à Lava Jato e à atuação do ex-juiz, Moro falou sobre os comentários do ministro: “Não tenho a mesma obsessão por Gilmar Mendes que ele tem por mim. Lutei contra a corrupção e prendi criminosos que saqueavam a democracia. Muitos não podem dizer o mesmo neste país.” Avisado da publicação pela apresentadora e jornalista Vera Magalhães, Gilmar evitou o papo. “Não vou falar do Moro agora. Vamos tratar de temas mais importantes”, rebateu.
Gilmar Mendes atacou duramente os desdobramentos da Lava Jato, alegando que o combate à corrupção “fora do marco legal” ameaçava a democracia e servia como “germe do fascismo” no país. Segundo ele, a operação sediada em Curitiba disseminou a “antipolítica” que elegeu o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018 sistema político. Bolsonaro só é eleito nesse contexto. O discurso antipolítico pegou e fez aparecer como uma decisão alternativa e as pessoas embarcaram nela. Lava Jato faz de Bolsonaro seu candidato. É bom que isso seja dito. O discurso antipolítico vem da Lava Jato assim como o discurso antisupremo, o ataque ao STF”, afirmou.
Questionado sobre a denúncia da PGR contra Moro, após o senador sugerir, em vídeo, que o ministro vendeu habeas corpus, Gilmar Mendes fez questão de citar acusações semelhantes de que o próprio ex-juiz é alvo. “Achei estranha a revelação dessa ‘brincadeira’ feita exatamente no momento em que Moro está sendo acusado de vender decisões pelo Tacla Duran”, disse.
Em depoimento em março de 2023 ao desembargador Eduardo Appio, novo titular da Justiça Federal de Curitiba, o advogado Rodrigo Tacla Duran, à época defensor da construtora Odebrecht, afirmou ter sofrido tentativas de extorsão durante a Lava Jato em troca por “facilidades” para clientes, e que passou a ser “perseguido” por não concordar com o que chamou de “prática comercial comum” da força-tarefa.