O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que reajusta em 9% os salários dos servidores públicos federais, incluindo aposentados e pensionistas. A solenidade aconteceu nesta sexta-feira (28), no Palácio do Planalto, com a presença de representantes sindicais e da ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, que conduziu a negociação com os trabalhadores.
“Esse reajuste é uma demonstração clara de que o governo não vê os servidores como parasitas”, afirmou a ministra Esther Dweck, em referência a uma fala do então ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em 2020, comparou servidores públicos parasitas aos defender a reforma administrativa para cortar custos de pessoal.
O acordo entre o governo federal e as entidades representativas foi assinado em março. Para garantir o pagamento dos reajustes, o Executivo encaminhou projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar o Orçamento Geral da União de 2023. (LOA) para repor perdas salariais.
O reajuste será concedido de forma linear para todas as categorias e passa a valer a partir de 1º de maio, sendo pago no vencimento de 1º de junho.
Este é o primeiro acordo para reajustar servidores desde 2016. Neste ano, a Mesa Permanente de Negociação entre servidores e governo federal foi reaberta com a participação de cerca de 100 entidades sindicais de servidores públicos.
“Se tem uma coisa que a sociedade brasileira aprendeu com a má gestão que estamos vivendo é valorizar a democracia, o diálogo, a negociação. Foram anos sem sentar para conversar com sindicatos, governadores, dirigentes. Um governo deve ser muito mais gente do que apenas o presidente”, disse Lula.
concursos públicos
Segundo o presidente, será necessário realizar concursos para reposição de pessoal em diferentes carreiras. Ele citou, por exemplo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que tinha 1.700 funcionários e hoje tem cerca de 700.
Lula defendeu que a prestação de serviços públicos, como educação e saúde, por exemplo, não pode ser feita apenas por meio digital. “Não se melhora a educação sem professor, sem corpo técnico. Você não melhora a saúde sem mais médicos, sem mais enfermeiras, tem que contratar”, disse ela.
“Às vezes é um mal-entendido, não sei se é má fé ou não, mas toda vez que a gente fala em concurso, algumas pessoas começam a dizer ‘já começou o gasto’. Para melhorar qualquer serviço público, em qualquer país do mundo, é preciso contratar seres humanos”, disse Lula. “Não é porque estamos no mundo desenvolvido, do ponto de vista digital, que vamos prescindir do ser humano. Nossa relação é química e precisamos de gente atrás do balcão para cumprimentar, sorrir, ouvir, dizer sim, dizer não”, acrescentou o presidente.
A ministra Esther Dweck explicou que o orçamento prevê R$ 2 bilhões para a realização de licitações neste ano. Algumas já foram autorizadas e outras devem ser anunciadas em breve, como para a Fundação Nacional do Índio (Funai). Segundo ela, a prioridade será dada aos órgãos com maior déficit de pessoal.
Convenção da OIT
Outra ação do governo federal para valorizar os servidores públicos será a regulamentação da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), promulgada em 2013. A norma trata das relações de trabalho na administração pública, como negociação coletiva e garantias para representantes de servidores.
Segundo a ministra Esther Dweck, um grupo de trabalho deve ser constituído na próxima semana para tratar do assunto.
“Com isso, queremos deixar um legado que protege o servidor público mesmo que tenha alguém à frente do governo que não tenha a sensibilidade e a preocupação do presidente Lula”, afirmou. “Nós servidores públicos temos um compromisso enorme e essencial com a população brasileira. Somos nós que garantimos que as políticas públicas cheguem à população e esse compromisso de valorização do servidor público é um compromisso, principalmente de valorização das políticas públicas”, acrescentou.