A ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou portaria que libera repasse adicional de R$ 1,5 bilhão, em parcela única, para 3.288 entidades privadas de saúde sem fins lucrativos, como Santas Casas. O ato aconteceu em solenidade no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 20, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Nísia, as Santas Casas são essenciais para o atendimento da população no Sistema Único de Saúde (SUS) e também atuam no programa do Ministério da Saúde para reduzir filas para cirurgias eletivas e exames.
“Estamos dando um respiro ao setor para que ele cumpra seus objetivos. Como foi dito aqui no evento, é muito importante trabalharmos tanto para a sustentabilidade desse setor tão importante para o SUS quanto para a sustentabilidade do sistema como um todo. Temos uma grande necessidade de reforçar a atenção integral à saúde de qualidade para todas as brasileiras, todas as brasileiras. É por isso que estamos lutando e é por isso que o dia de hoje é muito especial”, disse.
Segundo o Ministério da Saúde, o incentivo beneficiará mais de 3.200 serviços em 1.700 municípios do país. É por meio dessas instituições que grande parte da população tem acesso a atendimentos de média e alta complexidade, como cirurgias e exames. Além disso, muitas dessas instituições são tradicionais hospitais-escola para treinamento de médicos e outros profissionais de saúde.
Atualmente, 60% das consultas e internações de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde são realizadas por hospitais filantrópicos.
Para a ministra Nísia, os novos recursos são essenciais, mas ainda insuficientes diante do endividamento das entidades. Ela pediu ao presidente Lula apoio da Caixa Econômica Federal para a gestão do crédito ao setor.
“[Os recursos] terá de ser complementado com outras medidas. Sabemos, e esta foi a pauta do diálogo do Ministério da Saúde com a Casa Civil e o Ministério da Fazenda, que precisaremos tratar e apoiar a questão das medidas de curto e médio prazo também em relação ao endividamento do setor “, ele disse.
Segundo o ministro, no momento em que se discute a reforma tributária e todo o financiamento das políticas sociais, é fundamental garantir a sustentabilidade do SUS como política de Estado.
“É a política social mais inclusiva que o Brasil conquistou até agora, sempre junto com educação, desenvolvimento social e todas as outras políticas, e é o setor que pode contribuir para o desenvolvimento de ações sustentáveis, como já discutimos, para reduzir nossa vulnerabilidade a vacinas, remédios, insumos, tudo que é fundamental para toda a assistência à saúde”, completou Nísia.
Crise financeira
Nos últimos anos, essas entidades vêm enfrentando uma crise financeira, com fechamento de serviços e diminuição de atendimentos, o que, segundo o Ministério da Saúde, coloca em risco a assistência à população em diversas regiões do país. Por isso, no ano passado, o Congresso aprovou e o então presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Complementar nº 197/2022, definindo a transferência para as Santas Casas.
O texto estabelecia que os saldos financeiros remanescentes, decorrentes de repasses do Ministério da Saúde nas contas abertas dos estados, do Distrito Federal e dos municípios anteriores a 1º de janeiro de 2018, seriam aplicados no custeio dos serviços prestados pelas entidades privadas sem fins lucrativos. entidades que complementam o SUS, até atingir o valor de R$ 2 bilhões.
No entanto, aponta o ministério, a portaria publicada em dezembro de 2022 definiu critérios que dificultavam o acesso de estados e municípios aos valores, como a exigência de certidão negativa de débito, além de estabelecer um prazo curto para comprovação dos critérios. Assim, apenas R$ 475,8 milhões puderam ser repassados.
Para garantir a conclusão dos saldos, no valor de R$ 2 bilhões, a atual gestão do Ministério da Saúde revogou a antiga portaria e publicou um novo documento, em 7 de fevereiro de 2023, para repasse imediato aos gestores e sem a exigência de critérios isso dificultou o cumprimento da última ordenança.
A nova portaria, hoje assinada, define o valor máximo destinado a cada entidade filantrópica, considerando a proporção total de instituições cadastradas nas bases de dados dos Sistemas de Informações Ambulatoriais e Hospitalares, entre 2019 e 2021.