Governo Lula deveria ter defendido a CPI de 1/8 desde o início, diz Pacheco

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta quinta-feira (20) que o governo Lula deveria ser favorável a uma CPI para investigar a invasão de 8 de janeiro desde o início da discussão.
Segundo ele, a renúncia do general Gonçalves Dias à chefia do Gabinete de Segurança Institucional não altera o calendário de instalação da comissão.
“Para efeito da CPMI não tem, acho até que o governo deveria ter tomado essa postura desde o início [de ser favorável à comissão]”, disse Pacheco durante evento do Lide em Londres.
O presidente do Senado disse que a CPMI será criada em sessão do Congresso no dia 28 de abril.
Sobre a saída de Dias do cargo, ele disse que reforça a necessidade de esclarecimentos.
“Sobre esse episódio de Gonçalves Dias, considero um fato que precisa ser esclarecido. Tenho defendido que responda por tais atos quem, direta ou indiretamente, tenha contribuído para a prática de atos lesivos à democracia”, afirmou.
Segundo ele, “isso se aplica ao cidadão comum que ousou invadir prédios públicos e atacar a democracia, mas também autoridades que de alguma forma têm sido lenientes ou tolerantes com isso”.
Gonçalves Dias pediu demissão do cargo na tarde desta quarta-feira (19) após a divulgação de imagens que colocaram em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro.
Sua saída do governo ocorreu logo após uma reunião com o presidente, que aceitou sua renúncia. Esta é a primeira queda de um ministro na atual gestão, três meses e 19 dias após o início do mandato.
A crise que levou à saída do chefe do GSI foi desencadeada pela divulgação, pela CNN Brasil, de imagens do circuito interno de segurança durante a invasão da sede da Presidência da República, mostrando uma ação colaborativa de agentes com líderes golpistas e a presença de Gonçalves Dias no local.
O destino do general foi selado em meio à recusa em divulgar as imagens da invasão do Planalto. Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, o governo divulgou vídeos editados, em especial com trechos que mostravam que os militantes eram aliados de Bolsonaro. No entanto, ele recusou um pedido da Folha, via Lei de Acesso à Informação, para liberar a íntegra das gravações.
A queda do comandante do GSI deve tornar inevitável a criação de uma CPI no Congresso sobre os atos golpistas, que já vinha sendo reivindicada pela oposição sob resistência do governo Lula, que agora deve mudar sua estratégia.
FÁBIO ZANINI – FOLHAPRESS