A indicação do presidente Lula para a vaga deixada pelo ministro Ricardo Lewandowski no STF já é a mais demorada do PT. Em seus dois mandatos anteriores, as definições aconteceram em média duas semanas após a abertura das vagas.
O presidente voltou ao Brasil nesta terça-feira, dia 22, após participar da cúpula do G7 no Japão. Se anunciar o nome nesta quarta-feira (24), por exemplo, Lula terá levado 43 dias para formalizar a escolha.
A cadeira foi inaugurada em 11 de abril com a aposentadoria de Lewandowski.
O tempo já supera os 42 dias da nomeação da ministra Cármen Lúcia, em 2006, após a aposentadoria de Nelson Jobim. Até então, essa era a escolha que mais demorava para o PT, como mostra a Folha de S.Paulo.
Responsável por defender Lula nos processos da Operação Lava Jato, o advogado Cristiano Zanin já foi chamado de amigo pelo presidente e é apontado como o candidato mais forte à vaga.
A advogada recebeu apoio dos ministros Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. A presidente do tribunal, ministra Rosa Weber, e o ministro Dias Toffoli, por sua vez, fizeram movimentos importantes para evitar constrangimentos ao candidato citado, caso ele seja confirmado.
Sinais favoráveis vieram do prefeito Arthur Lira (PP-AL) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Por outro lado, a opção tem sido criticada por violar o princípio da impessoalidade e pelo possível efeito negativo na imagem do STF.
Além disso, ao optar por Zanin, Lula ignoraria a falta de diversidade na mais alta corte do país, que nunca teve um ministro negro. O movimento nesse sentido ganhou apoio de ministros do governo, mas perdeu força diante da preferência do presidente por seu advogado.
Especialistas afirmam que o tempo para a definição depende da articulação política para que o nome seja aprovado pelo Senado, onde o escolhido será questionado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e precisa obter pelo menos 41 votos de apoio no plenário para ser nomeado.
Lula foi o presidente que mais selecionou ministros para o STF. Foram oito nomes, incluindo o do terceiro ministro negro da história do STF, Joaquim Barbosa.
As decisões mais rápidas foram tomadas quatro dias após a abertura das vagas. Foi assim nas escolhas de Carlos Ayres Britto, em 2003, e Eros Grau, em 2004, para as cadeiras de Ilmar Galvão e Maurício Corrêa, respectivamente.
A Constituição de 1988 não estabelece prazo para as nomeações. Levantamento da Folha com base em registros do STF mostrou que, desde 1989, mais da metade deles ocorreu em até 17 dias.
As definições presidenciais mais rápidas para a corte na redemocratização foram as de Jair Bolsonaro (PL), cujo mandato foi marcado por ataques a integrantes do Supremo Tribunal Federal.
O primeiro nome, de Kassio Nunes Marques, em 2020, veio 12 dias antes da aposentadoria do ministro Celso de Mello, algo inédito. A de André Mendonça, no ano seguinte, foi oficializada no mesmo dia da aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.
As últimas indicações aconteceram no governo de Dilma Rousseff (PT). O recorde foi registrado na substituição de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho de 2014. Após 257 dias, em abril de 2015, Dilma anunciou Edson Fachin, seu último ministro.
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GÉSSICA BRANDINO, LEONARDO DIEGUES E DIANA YUKARI – FOLHAPRESS