Instituições elaboram plano nacional de proteção e defesa civil

Cinco instituições de pesquisa e ensino superior participam da elaboração do Plano Nacional de Defesa e Proteção Civil. O trabalho é coordenado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), com a colaboração da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e Universidade Federal Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB).
O projeto visa estabelecer diretrizes, estratégias e metas que serão implementadas para a gestão de riscos e desastres em todo o país, sob a liderança da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
O projeto dura até 31 de dezembro deste ano e o documento final será entregue na secretaria. Um dos resultados é a proposição da Política Nacional de Defesa Civil, informou nesta quarta-feira (26) à Agência Brasil, o professor coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres (Cepedes), Francisco Dourado. A implementação do plano está prevista para 2024, de acordo com um decreto assinado pelos ministérios que integram o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
A professora do Departamento de Engenharia Industrial da PUC Rio, Adriana Leiras, disse que o projeto abrange as diferentes fases da atuação da defesa civil, desde a prevenção, passando pela mitigação, preparação, resposta e recuperação de desastres. “O projeto vai abranger todas essas etapas”, disse.
Cenários
A Uerj foi responsável por fazer cenários prospectivos de ameaças naturais no Brasil, ou seja, cenários de risco para o país, considerando o horizonte até 2030. “Com base nesses cenários, outros produtos serão desenvolvidos. Vamos ver quais são as principais ameaças que ocorrem no Brasil.”
O professor Francisco Dourado listou, entre eles, deslizamentos, enchentes, vendavais, granizo, entre outros. “Temos uma lista das 12 ameaças mais importantes que ocorrem. Além disso, vamos criar cenários onde, além de identificar a situação do Brasil em relação aos desastres, faremos estudos para ver como essas ameaças se comportarão no futuro.”
A perspectiva sobre algumas ameaças é de aumento, disse o professor da Uerj. “Se a quantidade de chuva aumentar, a quantidade de deslizamentos de terra e inundações aumentará. Por outro lado, se houver um problema de seca naquela região, ele tenderá a diminuir”.
Por outro lado, se as chuvas diminuírem nas regiões secas, elas devem se tornar mais longas. A Uerj tem 120 dias para apresentar a conclusão dos cenários de risco. A partir daí, começam a ser definidos princípios e diretrizes para cada uma das áreas de atuação da defesa civil (prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação de desastres).
O professor da PUC Rio explicou que o objetivo final é ter um plano que gere estratégias, diretrizes, princípios que possam ser seguidos no nível federal, mas que também orientem estados e municípios, no contexto da redução de riscos e desastres.
A par da proposta final, será entregue a estratégia de divulgação deste plano nacional e propostas de formação dos órgãos de defesa e protecção civil sobre o mesmo, disse Adriana Leiras. Além de exercer a coordenação geral do projeto, a PUC Rio é responsável pelos produtos voltados para cada um dos eixos de atuação citados acima.
responsabilidades
Caberá à Umesp cuidar da parte de comunicação de risco do projeto e da comunicação do Plano Nacional de Defesa e Proteção Civil à imprensa. A UFRB está coordenando toda a parte do processo participativo, com o objetivo de envolver os diferentes atores ao longo de todo o desenvolvimento do plano nacional proposto. Francisco Dourado acrescentou que esse processo participativo abrange não apenas a sociedade civil, mas outros segmentos, como pesquisadores de outras universidades e técnicos da defesa civil de todo o país.
A Fiocruz foi responsável pela definição de políticas públicas intersetoriais. “Queremos colocar todos para trabalhar na gestão de riscos e desastres. A Fiocruz se encarrega dessa interface entre os diferentes órgãos e ministérios para entender sua atuação e contemplá-la em nível nacional”, disse Adriana. Além da coordenação dos trabalhos, a PUC Rio trabalhará na análise dos impactos que os cenários prospectivos podem causar no futuro.
Adriana Leiras informou que, neste momento, estão a decorrer reuniões de alinhamento com os diferentes comités sectoriais. Ela destacou que a proposta final levará em consideração o trabalho existente e em andamento na Secretaria Nacional de Defesa Civil para agregar à geração de cenários de risco.
Validação
Karine Lopes destacou que o plano é um projeto estratégico da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O professor lembrou que, graças à parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi contratado esse pool de universidades, liderado pela PUC Rio.
“Ao final do contrato, o que se espera é ter uma proposta de plano já validada com a sociedade e demais colegas do Sistema Nacional de Defesa e Proteção Civil, que é formado por órgãos dos governos federal, estaduais e municipais que atuam no gestão de riscos e desastres no Brasil, e também pela sociedade civil organizada, setor privado e universidades”, disse Karine. Ela acredita que a construção do plano de forma inclusiva e participativa mudará a realidade do Brasil.
O professor Francisco Dourado, da Uerj, defendeu que seria muito importante que a população brasileira tomasse conhecimento do que está sendo feito. “Cabe a nós, formadores de opinião, conscientizar as pessoas e mostrar que elas têm responsabilidade sobre o que acontece. Quem não sabe, não liga”, disse o professor. A ideia é levar conhecimento à população para que ela participe junto com os pesquisadores da elaboração do plano nacional.
Para Karine Lopes, todos são responsáveis. “Trata-se de uma questão de formação, que estará inserida em todos os núcleos deste trabalho. Não se trata apenas de enfatizar a importância da política de proteção e defesa civil na hora do desastre, mas sim de usar a máxima de que a defesa civil somos todos nós nas pequenas ações cotidianas como cidadãos, como profissionais, mas também na política e na gestão da coisa pública. .”
O cidadão, segundo o professor, é parte fundamental do processo. Portanto, o plano está sendo construído para ser participativo e inclusivo. “Para que o cidadão tenha essa representação da diversidade do que é cultura nacional e que, ao final desse processo, mude a perspectiva do que é risco.”