O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou a articulação política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas descartou que haja chance de ruptura entre os dois.
Lira, que era aliado de Jair Bolsonaro (PL), tem trabalhado para tentar aprovar propostas do novo governo, que até agora acumula derrotas no Congresso.
“Houve muita especulação sobre uma provável separação. Não há possibilidade, eu não seria irresponsável de, como presidente da Câmara, romper relações com o governo. O Brasil ficaria ressentido com isso”, disse em entrevista ao BandNews.
Lira disse ainda que o governo está “muito internalizado no PT” e é preciso descentralizar as decisões, com maior participação do Legislativo. Para ele, as agendas econômicas devem poder avançar no Congresso, enquanto as agendas ideológicas ou a revisão de decisões recentes dos parlamentares – como no caso do saneamento – não devem avançar.
“Nosso papel é colocar em votação o que tem apoio, é bom para o país, não permitindo retrocessos que muitas vezes não vão ajudar. Orientações ideológicas, neste momento, não serão boas para o ambiente político e econômico do país”, afirmou.
O presidente da Câmara afirmou ainda que a situação política atual é diferente de quando Lula esteve no poder em seus dois primeiros mandatos e que vem recebendo reclamações sobre a articulação política de todos os lados.
Disse ainda que os parlamentares devem dar “a oportunidade de governar” ao PT, mas que o Executivo precisa entender que, se o governo eleito é de esquerda, o Congresso é de direita e essa diferença tem que ser respeitada.
“[Lula] é um senhor de 77 anos que tem essa vontade de fazer mudanças sociais estruturais no país. Ele foca nisso, em diminuir a desigualdade, em lidar com o social, econômico, educação, saúde. Ele se concentra no que sempre representou como um homem de esquerda, com agendas sociais. Se o debate ficar no campo ideológico, no sectarismo da esquerda contra a direita, se o debate estiver na pauta do ex-presidente ou do futuro presidente, não vamos a lugar nenhum”, acrescentou.
Por fim, o prefeito afirmou que o PL das Fake News -que foi retirado da pauta para evitar uma nova derrota do governo- será votado “mais dia, menos dia”, e que o relator do texto, Orlando Silva (PC do B) está trabalhando para construir um acordo.
Ele concluiu dizendo que o julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o tema “não resolve o problema” e, portanto, não anula a deliberação do Legislativo.
FOLHAPRESS