Em seu discurso na segunda sessão da cúpula do G7, neste sábado, dia 20, em Hiroshima, no Japão, o presidente da República, Luiz Inácio da Lula da Silva, chamou os países ricos a serem responsáveis pelo enfrentamento dos desafios das mudanças climáticas . Segundo ele, é preciso, por exemplo, que essas nações cumpram a promessa de destinar US$ 100 bilhões por ano em ações climáticas.
“Não há dúvida de que precisamos ampliar nossos esforços de mitigação, principalmente nos países que historicamente mais emitem gases de efeito estufa, mas não podemos perder de vista a crescente demanda por adaptação e perdas e danos. E é por isso que insistimos tanto em que os países ricos cumpram sua promessa de alocar US$ 100 bilhões por ano para a ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não substituem o que foi acordado na COP de Copenhague”, disse Lula.
O presidente brasileiro destacou que é preciso que o mundo pense junto em uma transição ecológica e justa, com industrialização verde, geração de empregos decentes e combate à pobreza, fome e desigualdade.
“Não adianta os países e regiões ricos progredirem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior, for prejudicado no processo. Os países em desenvolvimento continuarão precisando de financiamento, tecnologia e apoio técnico para transformar suas economias, combater as mudanças climáticas, preservar a biodiversidade e combater a desertificação”.
Ele também pediu a valorização das convenções internacionais sobre meio ambiente que discutem e resultam em acordos por meio de “amplo diálogo com a sociedade civil”.
“Estamos perto de um ponto irreversível”, disse ele. “Não estamos agindo com rapidez suficiente para conter o aumento da temperatura global, conforme concordamos no Acordo de Paris. Mas esta é uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau, nem no mesmo ritmo. Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente afetadas pelas mudanças climáticas, especialmente em países de baixa e média renda. E, do jeito que a gente anda, esse número vai continuar aumentando”.
Brasil
Lula aproveitou o discurso para citar a matriz energética brasileira, que, segundo ele, é uma das mais limpas do mundo, com potencial para produzir energia solar, eólica, biomassa, etanol, biodiesel e hidrogênio verde.
“Estamos cientes de que a Amazônia protegida faz parte da solução. Por isso estamos organizando em agosto deste ano, em Belém, uma cúpula de países amazônicos. E é por isso que o Brasil teve sua candidatura para sediar a COP30 do clima aprovada após decisão unânime do Grupo da América Latina e Caribe. Continuaremos abertos à cooperação internacional para a preservação de nossos biomas, seja na forma de investimento ou colaboração em pesquisas científicas”.
O presidente agradeceu as contribuições ao Fundo Amazônia anunciadas recentemente e afirmou que os índios serão os protagonistas da preservação do bioma. “O Brasil será implacável na luta contra os crimes ambientais. Queremos liderar o processo que salvará o planeta. Cumpriremos nossos compromissos de desmatamento zero até 2030 e alcançaremos as metas assumidas voluntariamente no Acordo de Paris.”
França
A preservação da Amazônia foi um dos temas abordados em encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, também neste sábado. O bioma é compartilhado pelos dois países, já que a Guiana Francesa, que tem 730 quilômetros de fronteira com o estado do Amapá, faz parte da França.
Em suas redes sociais, Lula disse que também conversou com Macron sobre soluções para a paz na Ucrânia, que teve seu território invadido pela Rússia no início de 2022.
“Reencontro com o Presidente da França, Emmanuel Macron, no G7. Falamos sobre a preservação da Amazônia e formas de construir a paz na Ucrânia. Estamos retomando a amizade e parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos”, escreveu Lula na postagem que inclui uma foto dos dois chefes de governo se cumprimentando.
Neste sábado, Macron também se reuniu no G7 com o presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky. “Um avião com as cores da República Francesa chegou a Hiroshima. A delegação ucraniana estava a bordo. Eles vieram para o G7 para trabalhar conosco e com nossos parceiros. Pela vitória da Ucrânia. Pelo regresso da paz à Europa”, escreveu Macron no seu perfil do Twitter este sábado, juntamente com um vídeo em que aparecem os dois líderes europeus a conversar.
Lula também se reuniu neste sábado com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, e com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.