Lula defende G20 e quer mais países na governança global

Lula destacou que a viagem à China representou acordos de R$ 50 bilhões – Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em entrevista coletiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, o fortalecimento de uma governança global que amplie a representação dos países nos espaços de diálogo internacional. “Não quero criar um movimento separado do G7. O G7 não depende do Brasil para existir”, declarou.
Para o brasileiro, um bloco mais amplo de países, como o G20, deveria ser responsável por discutir temas da agenda, como paz entre as nações; ambiente; questões econômicas, como inflação e taxas de juros; violência; discurso de ódio nas redes digitais; e fortalecimento da democracia.
“Quando criamos o G20, foi porque o G7 havia entendido que não tinha mais o tamanho necessário para discutir a crise de 2008”, destacou. Lula também disse que o Brasil quer ser protagonista nas questões globais. “Respeito todos os países, todas as reuniões que cada um quer fazer, respeito a autodeterminação dos povos, mas o que quero dizer é que o Brasil tem um pensamento próprio e quer voltar a ser um protagonista de grande influência, sobretudo, nesta questão do clima. Poucas nações têm autoridade política e moral para discutir isso”, destacou.
Lula, que volta ao Brasil neste domingo, 16, destacou que a viagem à China representou acordos de R$ 50 bilhões. Nos Emirados Árabes Unidos, investimentos da ordem de R$ 12,5 bilhões foram negociados por meio de memorando de entendimento entre o estado da Bahia e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da refinaria Mataripe, privatizada em 2021.
“Em maio, vamos discutir com os governadores brasileiros as principais obras do país. E queremos apresentar esses trabalhos para outros países para que os empresários que queiram investir no Brasil tenham a opção certa de investimento. O Brasil é um país que tem estabilidade jurídica, estabilidade política e vai se tornar um país de estabilidade econômica. Somos um governo que tem credibilidade na sociedade e com outros países do mundo. Garantimos a estabilidade social do país e somos um governo muito previsível”, declarou.
negociação para a paz
O presidente voltou a defender a negociação de paz entre a Rússia e a Ucrânia com um encontro de países neutros. “A decisão de guerra foi tomada por dois países. E agora o que estamos tentando construir é um grupo de países que não estão envolvidos na guerra, que não querem a guerra, que querem construir a paz no mundo, para conversar tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Mas também temos que levar em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e a União Europeia”, afirmou. Lula também disse que pretende envolver os países latino-americanos.
Extradição
Questionado, o presidente confirmou a extradição de Thiago Brennand, empresário brasileiro acusado de agredir mulheres, além de porte ilegal de armas. Lula afirmou que o assunto não foi discutido oficialmente com o xeque Mohammed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos.
“Ouvi dizer que os Emirados Árabes Unidos vão fazer a extradição. Quando isso vai acontecer é uma questão de Justiça. A única coisa que sei é que se há um milhão de cidadãos assim no mundo, todos merecem ser punidos. Não é aceitável que um bruto desses seja um agressor de mulheres. Acho que ele tem que pagar.”