O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (19) que os movimentos sociais precisam aprender a se comunicar nas redes sociais, ao contrário da divulgação de notícias falsas.
“É importante valorizarmos muito as redes sociais e que o movimento social aprenda a criar uma rede social para que possamos nos comunicar com quem estamos representando, sem precisar apenas da imprensa oficial. Essa é a vantagem da internet, que tem um lado que causa muita mentira, muito desconforto, muito incômodo, às vezes muito ódio, mas tem o outro lado que é a possibilidade de interação entre pessoas de bem seres humanos e falando sobre coisas que são importantes para eles. pessoas”, disse o presidente.
Ao participar do segundo dia do Fórum Nacional Interconselhos, para iniciar o processo de elaboração do Plano Plurianual Participativo (PPA) 2024-2027, Lula disse que o governo está garantindo ao povo a chance de direcionar o orçamento público, com a construção do PPA.
“O que está acontecendo aqui hoje é que o povo brasileiro está tendo o direito de ser igual, o direito de dizer sim e dizer não, o direito de concordar ou não concordar, não só em pensamento, mas em reuniões, palestras, em discussões , que você pode até mudar uma decisão que Simone [Tebet, ministra do Planejamento] propõe, decisão que Márcio [Macêdo, ministro da Secretaria-Geral] propor. É um jogo de verdade”, destacou Lula.
Para o presidente, esse processo participativo vai garantir a construção do Brasil que o povo escolheu nas urnas, “capaz de crescer sem deixar ninguém para trás”. “O Brasil que queremos e precisamos expressar no PPA é grande demais para caber nos palácios e gabinetes de Brasília”, destacou o presidente.
Segundo o presidente, o motivo do retorno para um terceiro mandato é provar “que este país pode voltar a ter crescimento econômico, que este país pode voltar a distribuir renda e riqueza novamente, que este país pode voltar a melhorar a educação novamente, que o povo do Brasil poderá voltar a sorrir, caminhar de cabeça erguida e ser um povo que tem esperança e acredita no que está ajudando a decidir”.
Lula também destacou o papel ativo das entidades da sociedade civil nos últimos anos, mesmo com a extinção de vários conselhos e canais de diálogo pelo governo anterior. O presidente lembrou que nestes primeiros meses de mandato foram recriados cinco conselhos e reformulados sete.
participação social
O Conselho de Participação Social foi criado em janeiro pelo presidente Lula para reabrir o diálogo do governo federal com os movimentos sociais e garantir sua participação na elaboração e execução de políticas públicas.
O conselho reúne representantes de 68 movimentos e organizações da sociedade civil e se reunirá a cada três meses. Será presidido por Lula e coordenado pelo ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, que articula a participação social no âmbito do governo federal.
A coordenação executiva colegiada ficará a cargo de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE); o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); a Central Única dos Trabalhadores (CUT); a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil; a Marcha Mundial das Mulheres; o Centro de Movimentos Populares; o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; e o Movimento Negro Unificado.
O colegiado nasceu na transição e reunia, à época, 57 movimentos populares, entidades da sociedade civil, fóruns e espaços de articulação política e social representativos de todo o país, e funcionou como um dos grupos técnicos temáticos da transição.
A representação segue a determinação da Secretaria-Geral de ter no mínimo 50% de mulheres em sua composição e no mínimo 20% das cadeiras ocupadas por pessoas autodeclaradas pretas e pardas.
Para Túlio Batista Franco, membro do Fórum Interconselhos e do Conselho de Participação Social, os mecanismos de participação social representam a qualificação e o fortalecimento da democracia brasileira, de forma direta e participativa.
Franco representa a Frente pela Vida, iniciativa formada por 14 entidades científicas de saúde e bioética e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).
“Vamos ter um movimento como uma onda e uma energia forte não só defendendo o PPA, mas sabendo que o PPA é seu, sabendo que o PPA nasceu de si mesmo, sabendo que o PPA teve uma construção ascendente em nossa sociedade, e é essa energia forte e vigorosa que fará nossa democracia se sustentar e se fortalecer”, afirmou.
A representante do MST, Ceres Luísa Antunes Hadich, defendeu que a participação social e popular não pode se restringir aos conselhos e conferências. “Embora sejam fundamentais, não serão suficientes. Precisamos incorporar esse tema às ações governamentais como tema central, estimulando permanentemente novas e variadas formas de participação. Assim, a participação social na história tem lugar e tempo e não podemos hesitar em fazê-lo. Nossa missão, acima de tudo, neste momento de reconstrução e retomada do Brasil, é fortalecer e defender a democracia, fortalecer todas as formas de mobilização, participação, massificação das lutas democráticas e populares”, afirmou.
“O exercício da participação popular vai acontecer e estaremos firmes nos conselhos e no governo e também nas ruas defendendo a reforma agrária, igualdade racial e de gênero, questão indígena, condições de trabalho, moradia, renda, estudo, alimentação saudável e o meio ambiente para todos os povos”, acrescentou Ceres.
A Secretaria-Geral também coordena o Sistema Interministerial de Participação Social. Na atual gestão, cada ministério possui uma Assessoria de Participação Social e Diversidade, responsável pelas demandas temáticas e referência para a Secretaria-Geral atuar transversalmente na política de participação social.
PPA participativo
Interrompidas em 2017, as reuniões do Fórum Nacional Interconselhos foram retomadas nesta terça-feira (18), em Brasília. A primeira reunião da atual gestão contou com a participação de centenas de representantes de conselhos nacionais e organizações da sociedade civil.
O fórum inicia o processo de elaboração do PPA Participativo, no qual a sociedade opina sobre as prioridades de aplicação de recursos em políticas públicas nos próximos quatro anos.
Serão realizados três fóruns nacionais e 27 plenárias estaduais com a participação de entidades representativas, como conselhos, associações, sindicatos e ONGs. Os encontros nos estados e no Distrito Federal começam no dia 11 de maio e vão até o início de julho.
Os cidadãos também poderão contribuir diretamente por meio de uma plataforma digital de consulta. O sistema será lançado no início das plenárias estaduais.
Para o representante da União Nacional por Moradia Popular, Creuzamar de Pinho, participante do Fórum Interconselhos, o PPA Participativo é importante para dar paridade nas decisões que impactam o orçamento público e fortalecer a democracia no país.
“Precisamos inverter as prioridades. Então, disponibilizar as peças do orçamento para que a população coloque ali seus sonhos, desejos e demandas, esse é o ponto alto da democracia, porque precisamos, como diz o presidente Lula, colocar os pobres no orçamento e os ricos no receita tributária. Então esse é o momento”, disse.
O Fórum Interconselhos é fruto de uma parceria entre o Ministério do Planejamento e Orçamento, responsável pela elaboração do PPA, e a Secretaria-Geral da Presidência da República.
O PPA é uma das três leis orçamentárias do Brasil, ao lado da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). É elaborado a cada quatro anos, sempre no primeiro ano do mandato presidencial e tem vigência a partir do segundo ano. O PPA define os eixos, diretrizes e objetivos estratégicos do governo para o período e aponta os programas e metas que permitirão o alcance desses objetivos.
O plano deve ser entregue ao Congresso Nacional até 31 de agosto, após a LOA, para debate e votação pelos parlamentares.
Segundo a Presidência da República, a participação social na elaboração do PPA ocorre em três dimensões. Na dimensão estratégica, indica-se a visão do país ao fim de quatro anos, com as respetivas orientações e objetivos. Na dimensão tática, são definidos os programas que serão executados no período, seus objetivos principais e específicos. Por fim, na dimensão gerencial, os órgãos governamentais inserem informações sobre o que vão entregar à sociedade no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, com indicadores, metas anualizadas e regionalizadas, facilitando o acompanhamento dos programas pelo governo.
O presidente Lula também instalou nesta quarta-feira o Conselho de Participação Social da Presidência da República e empossou seus membros.