Prestes a embarcar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para viagem oficial à China, o assessor especial da Presidência Celso Amorim afirmou nesta terça-feira, 14, que o país asiático terá papel fundamental na discussão de projetos sobre a questão climática . A delegação brasileira terá três dias de compromissos na China, entre os dias 28 e 31 deste mês. Segundo Amorim, entre os objetivos da viagem está atrair investimentos chineses, discutir projetos de infraestrutura e governança global.
“A China é um parceiro fundamental para o Brasil. Temos uma parceria estratégica com a China. É um país chave na política mundial hoje. Ele só demonstrou isso fazendo algo que parecia muito difícil, que é a paz entre a Arábia Saudita e o Irã, países que têm uma rivalidade muito grande. A China é hoje um dos países que mais emite CO2. O clima vai ser importante, mas também vamos falar de investimento, infraestrutura, governança global”, disse Amorim, que participou da inauguração do Climate Hub Rio, no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro.
A viagem à China acontece menos de um mês depois que Amorim voltou de uma visita à Venezuela. Uma dívida da Venezuela com o Brasil, gerada por financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras de infraestrutura naquele país, foi um dos assuntos do encontro entre Amorim e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Amorim visitou Maduro no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, em Caracas. Foi a primeira reunião institucional divulgada entre autoridades dos dois países desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro. Segundo Amorim, há uma disposição do governo venezuelano em reembolsar os cofres brasileiros. Nesta terça, o ex-ministro voltou a destacar a cooperação entre o Brasil e o vizinho sul-americano.
“Temos uma relação normal, como deveria ter sido desde o início. É um país vizinho, nosso amigo. Estou feliz por retomar o diálogo com a Venezuela. Da nossa parte, terá total apoio”, afirmou.
BNDES
A Venezuela tem US$ 682 milhões em atraso em sua dívida com o BNDES, segundo dados atualizados até dezembro de 2022 e disponíveis no site da instituição de fomento. Dos atrasos, a maior parte, US$ 658 milhões, já foi quitada pelo FGE, fundo garantidor do Tesouro Nacional. A Venezuela ainda tem US$ 123 milhões em parcelas de dívidas vencidas com o banco.
O BNDES chegou a contratar US$ 2,970 bilhões em financiamentos para obras no país vizinho, mas desse montante, US$ 1,507 bilhão foi liberado. O site do BNDES lista sete obras públicas venezuelanas executadas por construtoras brasileiras, com financiamento do banco de fomento.
A viagem de Amorim à Venezuela foi organizada a critério do governo Lula. Segundo ele, também se fala na realização de eleições no país no ano que vem.
Por Rayanderson Guerra – Estadão Conteúdo