Embora não seja o nome favorito para ocupar a oitava cadeira da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga após a morte da acadêmica Cleonice Berardinelli, Mauricio de Sousa viu sua candidatura ganhar força nas últimas semanas graças aos ataques do jornalista James Akel , que não considera os quadrinhos produzidos pelo criador da Turma da Mônica como literatura.
Também concorrendo à vaga, Akel declarou em entrevista à revista Veja que decidiu se candidatar ao saber que o quadrinista, em sua carta de candidatura, escreveu que “quadrinhos são literatura pura”. Antes, o jornalista já havia se envolvido em outra polêmica, em 2017, quando defendeu a tortura durante a ditadura militar no Brasil. O nome de Mauricio de Sousa conquistou não só o apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), mas também de integrantes da própria ABL, como Paulo Coelho.
Em entrevista publicada no portal G1, o quadrinista voltou a defender que os quadrinhos fazem parte de um gênero literário próprio e que há abertura na ABL para recebê-los, já que todos conhecem seus personagens, todos muito populares.
“[Quadrinhos] Eles são revolucionários porque estão entre a literatura e as artes gráficas. Eisner [Will Eisner, quadrinista norte-americano] me fez sentir que a linguagem dos quadrinhos é uma revolução de ideias. E com os quadrinhos tudo é possível”, declarou o escritor.
Sobre as críticas, Sousa diz ter ficado surpreso com a repercussão positiva que seu nome vem ganhando nas redes. “Significa que não cometi tantos erros.”
O nome favorito para ocupar a vaga deixada por Berardinelli deve ser o do filólogo Ricardo Cavalieri. Se não conquistar a cadeira, Sousa continuará a ser o único quadrinista a ocupar um cargo e uma academia de letras. O escritor e desenhista ocupa a cadeira 24 da Academia Paulista de Letras.