O Ministério da Saúde está sem estoque de inseticida usado no combate ao mosquito transmissor de doenças e tenta comprar o insumo desde o final de 2021, o que prejudicou o abastecimento de estados e municípios.
O produto é utilizado no processo de nebulização, o chamado nebulização, para o controle do Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.
Mais de um ano depois de iniciado, o processo de compra de inseticidas está na fase final de contratação.
Nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente, publicada no início do mês, diz que o insumo está previsto para chegar ao Almoxarifado Central do Ministério da Saúde até meados de abril.
O motivo é a alteração do cronograma de entrega por parte do fabricante do inseticida. Diante da dificuldade de obtenção do produto, em maio do ano passado a pasta iniciou o processo de compra de outro produto para o fumante. A intenção é evitar a dependência de um único fornecedor.
Esse segundo processo de compra, no entanto, precisa ser aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser concluído. Este processo está em andamento. A previsão é que, caso a excepcionalidade seja aprovada, ainda demore pelo menos dois meses até que o produto esteja disponível para distribuição.
O Ministério da Saúde informou, em nota, que disponibiliza quatro tipos de inseticidas aos estados e ao Distrito Federal para o controle do Aedes aegypti.
O produto que falta é o Cielo ULV, usado no combate ao mosquito adulto. A nebulização com esse produto, segundo o governo, é considerada a última medida de controle do inseto, para situações de emergência em que todas as alternativas tenham sido esgotadas.
A pasta afirma que a falta de estoque do inseticida não interfere no controle das larvas do mosquito, método que o ministério considera mais eficaz na prevenção de doenças.
“Deve-se ressaltar que nenhuma medida é eficaz isoladamente, ou seja, as demais atividades de controle vetorial precisam ser desenvolvidas de forma integrada, inclusive o controle mecânico, como a eliminação de possíveis criadouros”, afirmou o ministério, em nota observação.
Ainda de acordo com o ministério, não faltam outros tipos de inseticidas. “É importante ressaltar que os estoques de larvicida para o tratamento de criadouros que não podem ser removidos não foram esgotados, e que essa estratégia é mais eficaz e duradoura para reduzir a proliferação do Aedes, em comparação com o uso de inseticidas em UBV”, diz a nota da Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente.
Neste mês, o ministério já publicou duas notas alertando sobre o aumento dos casos de dengue e chikungunya.
Nas primeiras nove semanas de 2023, o Brasil teve 242.886 casos prováveis de dengue – um aumento de 47,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A região com maior índice de incidência de dengue neste ano é o Centro-Oeste, com 213 casos por 100 mil habitantes. Em seguida estão o Sudeste, com 172 casos por 100 mil habitantes, e o Norte, com 75,4 casos por 100 mil.
O ministério diz que 49 mortes por dengue já foram confirmadas no país este ano e 124 estão sob investigação.
Em relação aos casos de chikungunya, houve aumento de 109% nos casos prováveis da doença neste ano. Foram registrados 35.566 casos prováveis, ou 16,7 casos por 100.000 pessoas. “Esse número está acima do limite máximo esperado, considerando o diagrama de controle da série histórica de 2016 a 2022”, diz nota informativa do Ministério da Saúde.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)