A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, classificou como “uma vergonha” para o Brasil o fato de o país “puxar para cima” os índices da América Latina relacionados à violência contra a mulher. A resposta a isso, segundo ela, deve ser dada por meio de mobilizações que coloquem nos centros de debate, locais e nacionais, políticas públicas voltadas para a inclusão e o empoderamento das mulheres.
Segundo Cida Gonçalves, essas mobilizações são ainda mais necessárias “após seis anos de abandono e destruição” dessas políticas, já que o governo anterior, além de cortar recursos, restringiu ainda mais os direitos das mulheres no Brasil.
Ela lembrou que mulheres estão morrendo no Brasil por câncer, parto e feminicídio. “Eles nos mataram nos calando. É por isso que estou ligando para você. Vamos marchar neste país contra a misoginia. Não podemos aceitar o ódio contra as mulheres como algo normal, porque a crueldade contra as mulheres no país aumentou. Tem um nome. É misoginia”, disse a ministra, citando um movimento com 35 milhões de seguidores nas redes sociais, cuja “única função” é espalhar o ódio contra as mulheres.
“Precisamos enfrentar esse movimento, porque milhões de pessoas se sentem autorizadas a espancar e matar nossas mulheres, inclusive na vida pública, como deputadas, prefeitas e ministras. A maioria das mulheres em cargos públicos e jornalistas tem sofrido isso todos os dias neste país”, acrescentou ao defender, além da organização de passeatas nos municípios, audiências públicas nas assembleias legislativas, a fim de chamar a atenção para o tema.
Fórum
As declarações foram feitas durante o Fórum Nacional de Organizações de Políticas para as Mulheres, encontro que reúne, em Brasília, gestores municipais e estaduais de políticas para as mulheres. Segundo o ministro, o encontro reuniu representantes de 256 municípios, número que poderia ser muito maior se o tema recebesse a devida atenção de governadores e prefeitos.
“Peço a ajuda de vocês para falar com todos os governadores e prefeitos sobre a importância das políticas para as mulheres, já que não existem secretarias especiais”, disse.
Cida Gonçalves disse que pretende aumentar significativamente, até o final de seu mandato, o número de organizações que adotam políticas voltadas para as mulheres. “Queremos chegar no ano que vem com 800 organizações e 1.200 até o final do mandato. Quero dizer que sou contra o termo organismos, porque falar afirma e empodera. Tem que ser secretários de políticas para mulheres’”, disse ela.
Nesse sentido, o ministro propôs que os participantes do fórum sejam mais ativos na busca de aumentar os recursos dos planos plurianuais (PPAs), para possibilitar a ampliação dos recursos destinados a essas políticas públicas.
“Vamos disputar dinheiro em municípios e estados. Reivindicar recursos para autonomia econômica, para fazermos essas políticas públicas. É preciso convocar os movimentos de mulheres porque, no ano que vem, os projetos que serão lançados são fruto da disputa a ser realizada no PPA participativo. Vamos lutar por isso.”
Cida Gonçalves enfatizou que o planejamento estratégico de seu portfólio busca pensar e planejar o Brasil do futuro, com mulheres incluídas e empoderadas. “Precisamos pensar em cidades com mulheres com direito ao lazer; viver; praticando esportes. Vamos discutir isso e pensar no desenvolvimento das nossas cidades, não só para a próxima semana, mas daqui a 30 ou 50 anos. Mas meu planejamento depende de vocês e das necessidades dos municípios e estados.”