Movimento mais político do que social, diz presidente da Faern sobre MST

O medo de invasão de propriedades privadas moveu o setor agro no RN. Foto: José Aldenir/Agora RN
Nos últimos dias, as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) voltaram aos noticiários no Rio Grande do Norte. A partir de então, ameaças de invasão de terras começaram a assombrar o setor agropecuário do Rio Grande do Norte. Por sua vez, o setor informou ter levado o assunto ao secretário estadual de segurança, comandante da Polícia Militar e também da Polícia Civil em reunião. Após a reunião, José Vieira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte (Faern), não acredita em invasão de terras no estado. No entanto, ele fez questão de criticar o MST, alegando que a questão é muito mais política do que social e que não acredita em novas concessões para assentados no governo Lula (PT).
Segundo o presidente da Faern, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos últimos anos tem procurado imóveis à venda para poder comprar e fazer assentamentos, sem necessidade de invasão. “Portanto, no Rio Grande do Norte temos hoje cerca de 20 mil assentados. O último governo entregou 4.500 títulos definitivos, mais de 4.000 títulos provisórios. O que isso significa? Ele quer que os colonos recebam sua carta de alforria. A partir do momento que ele recebe o título da terra, ele pode ir ao banco financiar, plantar, investir na sua propriedade”, comentou.
No entanto, ele acredita que no atual governo esse procedimento não deve se repetir, já que quase todos os títulos concedidos foram a continuação de processos ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Foi o que aconteceu, e esperamos que o atual governo continue concedendo, dando títulos de terra a todos os assentados. Infelizmente, para você ter uma ideia, no Brasil havia mais de 460.000 títulos de terra que o governo deu a assentamentos. Nesses primeiros três meses do atual governo, foram emitidos apenas 63 títulos. Dessas 63, 62 foram fechadas pelo governo anterior. E um título foi por decisão judicial. Ou seja, por iniciativa do atual governo, não acreditamos que vá conceder qualquer tipo de terra a qualquer assentado. Isso é muito ruim”, avaliou.
invasões RN
Com as invasões do MST registradas em todo o país, cresceu o temor de que propriedades rurais também pudessem ser vítimas de invasões no Rio Grande do Norte. Segundo José Vieira, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte convocou para esta semana uma reunião com todas as entidades do agro, produtores rurais e forças de segurança do RN, como o Coronel Araújo, comandante da Polícia Militar e o representante da Polícia Civil e a pasta Agricultura no RN. “Eles estiveram todos aqui e ouviram a preocupação do setor agrícola com essa invasão iminente. Eles saíram daqui e ontem tiveram uma reunião com a culpa do governo, levantando a preocupação do setor agrícola em relação a essas possíveis invasões. Esperamos que não haja invasão de terras no RN. É isso que o setor agrícola espera do Governo”, afirmou.
Para o presidente da Faern, o estado não tem problema de escassez de terras, mas faltam famílias para assentamentos. “No ano passado, o Incra abriu o cadastro de assentados em Assu, na Fazenda Futuro, para 62 famílias. Ele não conseguiu encontrar 62 famílias para serem assentadas em Assu. O Incra teve que fechar o cadastro por falta de famílias. O problema hoje não é a terra. O problema hoje é que é um movimento muito mais político do que uma causa social”, observou.
Vieira destaca que a expectativa é de tranquilidade e manutenção da paz no estado e que nenhuma invasão de propriedades rurais no RN chegou ao conhecimento da Federação. “Esperamos continuar com a mesma paz e tranquilidade que temos hoje no estado. E não devemos nos surpreender com nenhuma invasão de terra, porque as invasões de hoje não são as mesmas de antigamente. Hoje as invasões de terras acontecem de forma criminosa. São crimes comuns. É com revólver, não com pá, com enxada, com foice. Eles estão invadindo propriedades, armados, saqueando e destruindo. Isso no Brasil. Portanto, são crimes comuns. Como esperamos que isso não aconteça no Rio Grande do Norte”, concluiu.