Trio foi rejeitado pela área técnica da estatal, pelo Comitê de Pessoas (Cope) — Foto: Divulgação
A Assembleia Geral Ordinária (AGO) dos acionistas da Petrobras aprovou nesta quinta-feira, 27, oito novos membros do Conselho de Administração (CA) da Petrobras. Isso inclui três nomes indicados pelo governo federal, representantes da União, que haviam sido rejeitados por todas as instâncias de governança da estatal por não atenderem aos requisitos da Lei das Estatais (13.303).
Ao todo, foram aprovadas seis indicações do governo: Bruno Moretti, Pietro Mendes, Jean Paul Prates, Efrain Cruz, Sergio Rezende, Vitor Saback. Mendes também foi eleito presidente do colegiado com 53,49% dos votos, pouco mais do que o total de votos do Sindicato (50,26%), ante 27,78% dos votos contrários. Desses diretores majoritários, apenas Prates, atual presidente da empresa, declarou-se não independente do Sindicato.
Também eleitos, com votos dos minoritários, foram o empresário Juca Abdalla e o advogado Marcelo Gasparino, reconduzidos ao colegiado. Ambos foram eleitos com o maior número de votos, representando mais de 7 bilhões de ações ordinárias cada.
O colegiado é completado por três conselheiros eleitos fora do voto múltiplo e com mandato ativo: os advogados Francisco Petros e Marcelo Mesquita, que também representam os acionistas minoritários, e a engenheira Rosângela Buzanelli, que representa os empregados da Petrobras. Todos os 11 membros do conselho, agora reformado, têm mandato até meados de 2024, na próxima assembleia geral anual de acionistas.
Inelegível
Entre os indicados pelo governo que foram aprovados na reunião desta quinta estão os secretários de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e o executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes e Efrain Cruz, além do líder do PSB Sérgio Rezende, que foram consideradas inelegíveis por todas as instâncias da governança da Petrobras.
O trio foi rejeitado pela área técnica da estatal, pelo Comitê Popular (Cope) do Conselho de Administração e pelo corpo pleno do colegiado devido às suas funções no governo federal e partidos políticos, que estão impedidos de serem indicados ao Conselho pela Lei das Estatais (13.303 ) e pelo Estatuto da Petrobras, respectivamente por conflito de interesses e falta da quarentena de 36 meses exigida dos dirigentes partidários.
Com isso, o governo Lula, por meio do MME encabeçado por Alexandre Silveira (PSD), repetiu o governo Jair Bolsonaro (PL), repassando a Lei das Estatais, para levantar candidatos proibidos por lei à Diretoria da Petrobras. O governo chegou a destinar os votos do Sindicato, que correspondem a 50,26% do total, aos seis eleitos, inclusive os reprovados, em detrimento de seus indicados considerados aptos pela empresa, Suzana Kahn e Eugênio Teixeira. Desta vez, foram necessários 5,2 milhões de votos (ações ordinárias) para eleger um diretor.
Antes do resultado, quando surgiu na Assembleia o item da formação da Diretoria, o representante do Sindicato, procurador da Fazenda Nacional Ivo Timbó, ratificou as indicações das indicações consideradas inelegíveis pela empresa, inclusive retirando três nomeações feitas no mês passado sob o argumento de eventualmente substituir nomes problemáticos. Timbó também reforçou, mais de uma vez, o caráter consultivo dos pareceres da governança da Petrobras, sob o argumento de que a assembléia, dominada pela União, é soberana nas decisões.
A insistência em nomes proibidos por lei gerou protestos de acionistas, entre eles o representante dos fundos de investimento, advogado Daniel Alves, e o representante da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), engenheiro Fernando Teixeira. O presidente da assembleia, Francisco da Costa e Silva, recomendou que o protesto fosse dirigido ao acionista majoritário, o Sindicato, presente na reunião. Os dois denunciantes concordaram e disseram que fariam uma reclamação formal sobre o assunto.
Por Denise Luna e Gabriel Vasconcelos – Estadão