O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (21) que existem “outras formas de luta” e criticou as invasões que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu nos últimos dias.
A atuação do movimento gerou uma crise no governo e irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme mostra a Folha de S.Paulo. A avaliação é de que isso provocou atrasos no cronograma de anúncio da retomada das políticas de reforma agrária no país.
“Eu já disse, discordo de qualquer tipo de invasão de áreas produtivas, principalmente áreas de pesquisa, como forma de luta”, disse Padilha, ao sair de um evento do Conamad (Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira ), em Brasília.
“Acredito que o movimento e outros movimentos têm outras formas de luta que podem conquistar ainda mais a sociedade para uma causa tão importante que é a causa da reforma agrária, da agricultura familiar, da produção de alimentos em nosso país”, acrescentou.
Nesta semana, o MST inaugurou o Dia Nacional de Luta pela Terra e Reforma Agrária com a invasão de pelo menos nove fazendas, incluindo uma área da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), além da sede do Incra em pelo menos sete unidades da federação.
Padilha já havia criticado a atuação do movimento na última terça-feira. Disse que condena “veementemente” os prejuízos a processos e áreas produtivas, e que esta não foi a melhor forma de luta.
Lula, antes de partir para a Europa na quarta-feira, reuniu-se com ministros para tratar do tema, que preocupa o governo e, principalmente, o agronegócio.
Ainda existe, entre os membros do governo, o temor de que esse movimento atrapalhe o andamento de agendas de interesse do governo Lula no Congresso, como a aprovação da medida provisória que leva a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ao guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, deixando a pasta da Agricultura.
Padilha também destacou o papel do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) no diálogo com os movimentos e falou sobre os programas lançados pelo governo Lula 3.
“Desde o início o MDA vem dialogando com os agricultores familiares, movimentos do meio rural para juntos construirmos um programa de fortalecimento dos assentamentos, para aumentar a produtividade”, afirmou.
Na quarta-feira (19), o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) foi ao Congresso para conversar com lideranças da Câmara e do Senado e informar que o MST deixaria as áreas da Embrapa e Suzano. O objetivo foi conversar com os parlamentares sobre a aprovação da MP que levou a Conab ao Ministério do Desenvolvimento Agrário.
No dia seguinte, Lula convocou uma reunião para discutir o assunto. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, iria participar de um evento em Londres, mas teve que cancelar sua participação porque havia sido convocado pelo presidente para discutir a crise gerada pelas invasões do MST.
Em outra frente, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) decidiu reunir-se com integrantes da coordenação nacional do MST. Em pauta, estava o pedido de liberação de recursos para a reforma agrária e outros temas de interesse do movimento.
Após o encontro com o ministro da Fazenda, João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, disse que a crise política envolvendo as invasões de terras foi tratada de forma secundária.
O coordenador afirmou que o encontro com Haddad foi proveitoso em relação às reivindicações do movimento e que não houve pressão para interromper ou diminuir o ritmo das invasões.
Ele afirmou ainda que o ministro da Fazenda pediu expressamente a evacuação da área invadida da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em Petrolina (PE).
MARIANNA HOLANDA – FOLHAPRESS