Pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), intitulada Levantamento de Adequação de Crianças e Adolescentes Brasileiros às Diretrizes do Movimento 24 Horas Antes e Durante a Pandemia da Covid-19, mostra um impacto significativo das restrições da pandemia na redução da atividade física e aumento do tempo de tela em crianças e adolescentes brasileiros.
O estudo foi realizado com 525 crianças e adolescentes de até 18 anos de diferentes regiões do Brasil, por meio de um formulário de entrevista digital que incluía características sociodemográficas das famílias, atividade física moderada a vigorosa, tempo recreativo de tela e duração do sono antes e durante a pandemia.
As pesquisadoras do IFF/Fiocruz Natália Molleri, Saint Clair Gomes Jr, Daniele Marano e Andrea Zin investigaram a adequação desses hábitos durante a pandemia de covid-19. “A quantidade de atividade física moderada a vigorosa, o tempo recreativo de tela (televisão, celular, computador, notebook ou tablet) e a duração adequada do sono têm reconhecida importância para a saúde de crianças e adolescentes, apresentando associações positivas com o desenvolvimento motor, condicionamento físico, redução da adiposidade (excesso de gordura no corpo) e melhora do condicionamento cardiometabólico. Mesmo assim, poucos estudos avaliaram a adequação desses hábitos em países de baixa e média renda”, informou, em nota, a terapeuta ocupacional do Instituto, Natália Molleri.
Segundo a pesquisadora, as medidas de isolamento social contribuíram para a redução da prática de atividade física. A proporção de famílias que fizeram esse ajuste caiu de 61,43% antes da pandemia para 38,57% durante a pandemia. A adequação correta do tempo recreativo de tela entre crianças e adolescentes brasileiros também foi menor, o que antes era feito por 67,22% das famílias e reduziu para 27,27%, na pandemia.
“Por isso, como Instituto Nacional, temos um papel fundamental na educação quanto à importância da atividade física, redução do uso de telas e tempo de sono adequado de acordo com a faixa etária”, explica Natália.
Uma das pesquisadoras responsáveis pela pesquisa, Andrea Zin, afirmou que as crianças já dormiam menos, se exercitavam menos e passavam muito tempo em frente às telas antes da pandemia. Segundo ela, com as aulas remotas, o tempo de tela na frente do computador e do celular aumentou muito e o sedentarismo decorrente do confinamento cresceu. “A questão é: até que ponto conseguimos voltar à normalidade destas atividades?”.
Vila Olímpica da Gamboa
A Vila Olímpica da Gamboa, na região central do Rio, vinculada à Secretaria Municipal de Esportes, atende cerca de 800 crianças e adolescentes a partir de 2 anos com aulas de natação, skate, judô, futebol, futsal, basquete e balé.
O coordenador técnico da vila olímpica e professor de educação física, Luciano Machado Barros, destacou que, ao retornar às atividades após o período de isolamento social causado pela pandemia, muitas crianças estavam acima do peso e com dificuldades de convívio social.
“Eles tinham um nível de paciência menor, com dificuldade de lidar com os colegas e com o professor. O esporte, além de trazer benefícios motores e prevenção de doenças, engloba questões sociais, pois envolve interação social e melhora a autoestima”, afirmou.