A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) quer que a Petrobras investigue internamente as vendas realizadas pela estatal nos últimos sete anos e informou que já entregou ao presidente da empresa, Jean Paul Prates, um pedido de auditoria interna.
“É necessário e urgente que todas as vendas de ativos da estatal ocorridas entre 2016 e 2022 sejam investigadas. Há muitas negociações suspeitas, com casos escandalosos de venda de ativos da Petrobras por preço baixo”, diz advogado da FNP , Raquel Sousa.
Segundo ela, as vendas de importantes ativos da estatal começaram em 2016, no mandato de Michel Temer, intensificadas a partir de 2019, no governo de Jair Bolsonaro, com destaque para três negociações: BR Distribuidora, Transportadora Associada de Gás (TAG) e Nova Transportadora do Sudeste (NTS). Segundo o Observatório Social do Petróleo (OSP), mantido pela FNP, durante o governo Bolsonaro foram vendidos 54 ativos da Petrobras, atingindo a marca de R$ 175 bilhões, ou 62,3% do total de vendas realizadas pela empresa em oito anos. anos.
Segundo o advogado, a venda da BR não considerou a importância estratégica que a empresa tinha para a estatal e o preço foi mais baixo do que deveria, já que se tratava de uma operação em bolsa. “A Petrobras vendeu o controle acionário da BR na bolsa disfarçada de simples venda de ações, o que resultou no recebimento de um valor aviltante”, diz ela.
Para ela, também não adiantava vender as empresas de gasodutos TAG e NTS, que hoje a Petrobras paga para usar. “Eram duas empresas totalmente operacionais, com renda fixa e rentabilidade”, argumenta.
A privatização das duas subsidiárias de gás, segundo Raquel, foi um mau negócio para a Petrobras. A estatal deixou de ter independência no escoamento de sua produção e passou a pagar aluguel a preços de mercado pelo uso de dutos de sua propriedade.
“Hoje, a Petrobras é refém da Brookfield e da Engie, donas da NTS e da TAG, respectivamente. Eles ditam o preço de quanto vão cobrar para transportar o gás do estado. É um negócio da China e não tem justificativa do ponto de vista financeiro”, afirma.
Outro caso da lista, que deve ser investigado na avaliação da FNP, é a venda da Petroquímica Suape, em Pernambuco. Negociado em 2018, o ativo foi vendido por 16% do valor gasto em sua construção e a Petrobras ainda pagou um empréstimo ao BNDES, cujo valor foi superior ao valor recebido pela venda. “Foi uma sabotagem. A estatal teve um grande prejuízo com esse negócio, gastou bilhões para construir a unidade e não recebeu um centavo de volta”, diz.
reforçar a evidência
A auditoria interna solicitada pela FNP, segundo o advogado, vai reforçar os indícios de ilegalidades na venda de ativos e de quebra de contas da Petrobras.
“Há vários indícios e provas, inclusive vendas que foram prejudiciais à estatal e ao país, e algumas delas, como TAG e NTS, continuam gerando prejuízos. A investigação vai confirmar o crime cometido na Petrobras e as provas devem ser levadas ao Judiciário”, afirma.
Além da investigação, a FNP também exige a reversão das vendas irregulares de ativos e a punição de todos os envolvidos nas transações ilícitas.
“O novo governo tem o dever de rever e tomar medidas contra tudo o que foi feito em detrimento do país, para beneficiar alguns poucos em detrimento do interesse público, e a obrigação moral de reverter vendas indecentes”, enfatiza o advogado .