PF ouve militares sobre 8 de janeiro, incluindo comandantes

Investigadores buscam esclarecer a possível participação ou omissão desses militares antes ou durante os atos golpistas, que deixaram a sede dos Três Poderes amplamente depredada – Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) começou a ouvir hoje cerca de 80 militares do Exército sobre os episódios de invasão e vandalismo em prédios públicos ocorridos no dia 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Os investigadores buscam esclarecer a possível participação ou omissão desses militares antes ou durante os atos golpistas, que deixaram as sedes dos Três Poderes amplamente depredadas.
Entre os militares já ouvidos nesta quarta-feira, 12, está o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era responsável pelo Comando Militar do Planalto (CMP) no dia 8 de janeiro. Ele já foi ouvido por agentes da PF. No Diário Oficial desta quarta-feira, 12, o militar foi exonerado da chefia do CMP. A medida era esperada desde o dia 16 de fevereiro, quando foi anunciada pelo Exército.
Outro militar ouvido nesta quarta-feira é o coronel Jorge Fernandes da Hora, que nos dias dos atentados era chefe do Batalhão da Guarda Presidencial, responsável pela proteção do Palácio do Planalto.
Uma força-tarefa com cerca de 50 agentes foi montada pela PF para colher depoimentos de militares. As audiências acontecem na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. A ideia é ouvir todos em um único dia, técnica que visa evitar que um saiba o que foi dito pelos outros.
A PF quer esclarecer, por exemplo, as declarações do coronel Jorge Eduardo Naime, que em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Democráticos, liderada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, disse que integrantes do Exército tentou impedir a prisão de manifestantes.
Outro ponto a ser esclarecido é o fato de tanques do Exército terem sido colocados entre policiais militares e o acampamento bolsonarista em frente ao Quartel General, em Brasília, na noite do dia 8 de janeiro. reverter o resultado das eleições, só foram presos no dia seguinte.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu, no mês passado, um inquérito preliminar para apurar a possível responsabilidade de militares do Exército em atos antidemocráticos. A medida foi tomada após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que os militares envolvidos em atos golpistas devem ser julgados pela Justiça ordinária, e não pela Justiça Militar.