Policiais rodoviários federais usarão câmeras a partir de 2024

Estudos indicam que o uso da tecnologia reduz em mais de 50% a letalidade policial, além de reduzir pela metade as denúncias sobre conduta policial – Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apresentou, nesta quinta-feira, 25, projeto para implantação do uso de câmeras corporais nos uniformes dos policiais.
O Projeto Estratégico Bodycams prevê que a partir de abril de 2024 cerca de 6.000 agentes utilizem o equipamento, aproximadamente metade do efetivo policial. As provas práticas começam em novembro, em projeto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Estudos indicam que o uso da tecnologia reduz a letalidade policial em mais de 50%, além de reduzir pela metade as denúncias sobre conduta policial.
O secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, afirma que as câmeras são instrumentos importantes para evitar casos como o de Genivaldo de Jesus, que morreu há um ano durante abordagem de policiais rodoviários em Sergipe. Genivaldo não resistiu à abordagem policial, quando foi trancado em um veículo, usado como uma espécie de câmara de gás.
“E acredito que poderia ter evitado situações como a do Genivaldo, sem dúvida. Portanto, esta é uma política muito simbólica. Para nós, é um episódio extremamente lamentável. A dor dessa família é indescritível. Nosso desejo é que isso nunca mais aconteça no âmbito da Polícia Rodoviária Federal ou de qualquer outra força policial”, afirma.
Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal recomendou que a PRF fizesse uso das câmeras. A ideia surgiu exatamente após o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos.
caso Genivaldo
Em abril, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a prisão dos dois policiais rodoviários federais acusados da morte de Genivaldo de Jesus Santos por asfixia em veículo da corporação, em maio de 2022.
Os ministros da Sexta Turma do tribunal decidiram pela manutenção da prisão preventiva por entenderem que os policiais agiram com força desproporcional e contrariando as normas internas. Além disso, os magistrados consideraram que a vítima tinha problemas mentais e não ofereceram resistência à abordagem.
Em janeiro, a Justiça de Sergipe determinou que os agentes da PRF envolvidos no caso fossem submetidos a júri popular pelos crimes de tortura e triplo homicídio.
Imagens divulgadas na internet mostram a ação policial que deixou a vítima presa em um veículo enfumaçado. O homem luta com as pernas para fora enquanto um patrulheiro rodoviário mantém a tampa do porta-malas abaixada, impedindo que o homem saia ou respire. Genilvado teria sido parado pelos agentes por andar de moto sem capacete.