‘Politicamente, precisamos do quadro fiscal para ontem’, alerta Tebet

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o novo quadro fiscal precisa ser aprovado “ontem” em termos políticos e para avaliar as políticas públicas, embora não tenha nenhum problema legal e técnico em aprovar o quadro em agosto, após o projeto do Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).
Durante entrevista coletiva para explicar o documento, o ministro disse que a proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) poderá ser votada até dezembro. O PLDO foi formulado com base no teto de gastos, mas prevê R$ 172 bilhões em despesas sujeitas ao novo regime, que poderão ser ajustadas no PLOA. “Politicamente, precisamos do quadro fiscal para ontem.”
Mas Tebet avaliou que o quadro, que deve ser enviado ao Congresso nesta semana, foi bem recebido e que o governo tem mantido diálogo com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
O ministro também defendeu que o quadro é ambicioso, com restrições de gastos. “Não vejo dificuldades em votar o marco por uma oposição mais liberal. Vamos nos surpreender com o quórum de aprovação da lei complementar do marco.”
Submissão ao Congresso
Segundo Tebet, o novo marco fiscal será enviado ao Congresso entre segunda e terça-feira, dia 18. Segundo ela, o texto foi assinado e enviado à Casa Civil antes de ela participar da coletiva de imprensa sobre o projeto PLDO de 2024.
Tebet destacou que o PLDO considera o teto de gastos, o que implica R$ 172 bilhões em gastos condicionados à aprovação do novo enquadramento.
“Como já foi muito furado, o teto de gastos é inexequível, praticamente não existe mais. O PLDO respeita a regra vigente e traz realismo orçamentário com transparência. Gastos orçamentários excessivos dependem do novo quadro, os gastos estão condicionados a R$ 172 bilhões”, afirmou.
Para o próximo ano, o Executivo estimou no PLDO uma despesa primária sujeita ao teto de gastos de R$ 2,042 trilhões. Sob a regra do teto, apenas R$ 1,870 trilhão poderia ser gasto.
Na prática, a execução de R$ 172 bilhões das despesas previstas para o próximo ano está condicionada à aprovação do novo quadro fiscal.
Entre as políticas afetadas estão Minha Casa, Minha Vida, manutenção da malha rodoviária federal, pagamento de bolsas da Capes, desenvolvimento da educação básica, pagamento do auxílio gás, Farmácia Popular, operação e manutenção de universidades públicas.
Salário mínimo
O ministro do Planejamento garantiu que o governo concederá reajuste real do salário mínimo em 2024, conforme prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral. O valor do aumento acima da inflação, porém, dependerá da aprovação do quadro fiscal e da evolução das receitas.
“É óbvio que não há a menor chance de Lula não dar um aumento real do salário mínimo em 2024. Tire de qualquer lugar, mas Lula não vai quebrar sua promessa de campanha no salário. O quanto de aumento real terá o salário mínimo dependerá da aprovação do marco”, disse Tebet.
O PLDO 2024 estima que o salário mínimo suba para R$ 1.389 no ano que vem. Ainda sem a aprovação de uma nova política de valorização do salário mínimo, o valor da proposta considera apenas a correção pela inflação medida pelo INPC deste ano, sem aumento real dos salários.
Hoje, o piso nacional é de R$ 1.302, mas o presidente Lula prometeu um aumento para R$ 1.320 a partir de 1º de maio deste ano e criou um grupo de trabalho para discutir uma política de valorização permanente.
Eduardo Rodrigues, Thaís Barcellos e Antonio Temóteo – Estadão Conteúdo