Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a decisão do ministro Ricardo Lewandowski que declarou a nulidade de um contrato assinado em 2002 em que a União cedeu o uso de Fernando de Noronha a Pernambuco em condições especiais.
Este foi o primeiro passo para validar o acordo firmado entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governo de Pernambuco para a gestão compartilhada do arquipélago.
Os 11 ministros votaram a favor do sistema virtual do tribunal, em sessão realizada nesta quinta-feira (16).
No ano passado, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao STF que declarasse que Noronha está sob controle federal com base naquele contrato, o que gerou conflito judicial com Pernambuco.
Na terça-feira (14), ao invalidar o contrato, Lewandowski justificou que o documento foi assinado apenas entre membros do Executivo e que seria necessária autorização legislativa para que fosse assinado.
“O contrato em exame traduziu, a rigor, usurpação de competência legislativa, uma vez que os referidos dispositivos constitucionais conferem ao Poder Legislativo a prerrogativa de dispor de bens pertencentes ao domínio público”, afirmou o ministro na decisão.
Lewandowski manteve, no entanto, os atos administrativos que foram praticados durante a vigência do contrato, “em homenagem ao princípio da boa-fé e da segurança jurídica, sem prejuízo da possibilidade de revisão desses mesmos atos, no mérito administrativo, pelas Autoridades Públicas competentes”. Autoridade”.
Por meio de nota, Lewandowski disse que “esta decisão é necessária para a análise e eventual ratificação do acordo firmado entre a União e o estado de Pernambuco” e que segue analisando os termos. Não há data definida para a validação do acordo.
O acordo de gestão compartilhada foi anunciado pela AGU (Procuradoria-Geral da União) no último sábado (11) e prevê que as partes não poderão ampliar o perímetro urbano existente. Devem também evitar construções irregulares e regularizar ou demolir as já construídas sem o cumprimento de normas ambientais específicas do arquipélago.
“Até que seja elaborado um novo estudo de capacidade, com indicadores de sustentabilidade para a ilha, o número de turistas não pode ultrapassar os 11 mil por mês e os 132 mil por ano”, refere o Governo em comunicado.
Será criada uma comissão com gestores do governo federal e de Pernambuco para fiscalizar o cumprimento das obrigações de ambas as partes.
Segundo o governo, uma vez homologado, “o acordo vigorará por prazo indeterminado, só podendo ser substituído por novo acordo entre as partes, também submetido à prévia apreciação do STF”.
Com o acordo, o governo federal aceita abrir mão do debate sobre a posse do arquipélago – em uma mudança de posição, considerando a medida do governo Bolsonaro.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)