produtor deve reforçar segurança, recomenda associação

O Ministério da Agricultura e Pecuária decretou estado de emergência sanitária animal em todo o território nacional devido a casos de gripe aviária detectados em aves silvestres – Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Os oito casos de gripe aviária confirmados em aves silvestres no Brasil acendem um sinal de alerta entre os produtores industriais do país. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. “O Brasil foi o único grande produtor onde [a gripe] não tinha chegado. Agora ele chegou ao nosso território e temos condições de mantê-lo afastado da produção para que não tire alimentos da mesa de nossos consumidores”, enfatizou.
Até o momento, sete casos foram confirmados no Espírito Santo, nos municípios de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares e Itapemirim; e uma no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra. Além da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular tern-de-bando), existem também as aves Sula leucogaster (pardo atobá) e Thalasseus maximus (verdadeiro garajau).
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Santin lembrou que os casos em humanos são raros – cerca de 800 ao longo da história, a maioria na Ásia, onde os produtores costumam criar pássaros dentro de casa. “É como uma gripe normal. As pessoas, para se infectarem, têm que ter a imunidade baixa e estar muito expostas ao vírus. Então, se você apenas passar, não há problema.”
Segundo o presidente da ABPA, a infecção em humanos requer contato direto com secreções da ave doente, expelidas pelos olhos, boca, urina ou fezes. “Portanto, é muito raro que as pessoas consigam. Mas é preciso evitar qualquer exposição exatamente para minimizar os riscos.”
“O que as pessoas têm que fazer? Se vir uma ave doente, cambaleante, com sinais de nervosismo, caminhe [de modo] diferente, ou um pouco tonto, não tome, chame o serviço veterinário, o fiscal agropecuário federal”, disse ela. Cabe aos produtores denunciar, triplicar as medidas de segurança, não permitir a entrada na granja, revisar os lacres e, principalmente, ter roupas e calçados exclusivos para entrar nos aviários e proteger os animais.
Entender
O Ministério da Agricultura e Pecuária declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional devido a casos de gripe aviária detectados em aves silvestres. A portaria, assinada pelo ministro Carlos Fávaro, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite desta segunda-feira (22) e tem validade de 180 dias.
Segundo a pasta, o objetivo da medida é evitar que a doença atinja a produção avícola de subsistência e comercial, além de preservar a fauna e a saúde humana. Ainda de acordo com o ministério, a declaração do estado de emergência sanitária animal possibilita a mobilização de recursos da União e a articulação com outros ministérios e órgãos governamentais das três instâncias e não governamentais.
A portaria também estende, por tempo indeterminado, a suspensão de exposições, torneios, feiras e outros eventos com aglomeração de aves, além da criação de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior, em estabelecimentos cadastrados no o Ministério.
“A medida se aplica a qualquer espécie de produção, ornamental, passeriforme, selvagem ou exótica em cativeiro e outras aves criadas para outros fins”, detalhou a pasta.