A cantora Rita Lee morreu na noite desta segunda-feira, 8 – Foto: Marco Senche/Wikimedia Commons
O enterro da cantora Rita Lee acontece na manhã desta quarta-feira (10), no planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo. As filas de fãs e admiradores para se despedir da artista, conhecida como a rainha do rock, começaram cedo. Por volta das 10h, o público começou a entrar no local onde está o corpo da cantora. No teto do planetário, está exposto o céu do dia em que Rita Lee nasceu, em 31 de dezembro de 1947.
A cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e desde então trata a doença. A família confirmou a morte em suas redes sociais nesta terça-feira (9). Ela morreu em sua residência em São Paulo no final da noite de segunda-feira. “Cercada por todo o amor e sua família, como ela sempre quis”, disse o comunicado da família.
O velório segue até as 17h. Posteriormente, o corpo será cremado em cerimónia privada, a pedido de Rita.
homenagens
Luigi Milone Leta, 13 anos, veio do Rio de Janeiro com sua mãe Mariana Milone, 43 anos. “Sou muito fã da Rita, há muito pouco tempo, cerca de dois anos, mas a minha vida mudou desde que a conheci. Eu não sou a mesma pessoa e ela abriu minha mente para muitas coisas. Não estava preparado para vê-la assim, mas a amo”, declarou.
Ele diz que a música Orra meu é o seu preferido, pela “deboche”. Luigi diz que se sente inspirado pelo espírito livre do artista. “Por sua modernidade, em um momento tão sombrio, durante a ditadura militar de 1964, ela desafiou as autoridades. Ela pode fazer o que ela quiser, pra mim isso é uma grande influência, até hoje, parece que o mundo está melhor, ainda precisamos muito da Rita Lee para aprender.”
A mãe da adolescente, Mariana, diz estar orgulhosa do filho. “Admiro muito o Luigi. Desde pequeno ele gosta muito de arte e eu o incentivo muito. E ele gosta não só da Rita Lee, mas do Chico Buarque, do Caetano Veloso, que realmente são compositores incríveis e que revolucionaram o mundo”, disse ela ao Agência Brasil.
Débora Antunes, 28, que é atleta, atriz e estudante de ciências sociais, também fez questão de se despedir. “A Rita faz parte da minha identidade. Fez parte de quem eu sou. Ela foi muito importante para mim em um período da minha vida, quando li sua autobiografia. Eu estava em outro país e foi um momento muito desafiador. Me identifiquei muito com ela, ouvi muitas músicas e percebi que isso me empoderou, me deu força. Quem ela era representava o lado de mim que às vezes eu tinha medo de ser.”
O escrivão do Judiciário Luiz dos Reis, 57 anos, lembrou do primeiro disco de vinil que comprou. “Foi o disco Saúde. Comprei quando morava em Minas Gerais, em Sebastião do Paraíso. Eu era um adolescente. Era uma coisa cara e rara, disco de vinil era para poucos. Ouvi várias vezes, até que o disco quebrou, seguindo a letra do encarte”, lembra com saudade. Ele descreve Rita como uma multiartista que teve grande influência em sua vida. “Ela colocou coisas na minha cabeça. Para mim, ela é revolucionária, disruptiva, provocativa, irreverente, politizada, um símbolo feminista.”