O Real Madrid apresentou uma denúncia à Procuradoria-Geral da Espanha para apurar crimes de ódio e discriminação sofridos pelo atacante brasileiro Vinícius Júnior, na derrota por 1 a 0 para o Valencia, no domingo, 21, pelo campeonato nacional. Em comunicado oficial esta segunda-feira, dia 22, o clube sublinha que “manifesta a sua mais forte repugnância e condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador”.
Para o clube merengue, “tais agressões constituem também um crime de ódio, razão pela qual apresentou a correspondente queixa junto da Procuradoria-Geral da República, designadamente na Procuradoria-Geral da República contra os crimes de ódio e discriminação, para que os factos sejam apurados e responsabilidades estabelecidas”.
Anúncio oficial. #Real Madrid
— Real Madrid CF (@realmadrid) 22 de maio de 2023
Outras duas entidades, o Sindicato dos Jogadores do País (Associação dos Jogadores de Futebol da Espanha -AFE) e o Movimento Contra a Intolerãnica (MCI) – também repudiaram o “comportamento inaceitável de alguns torcedores” e acionaram o Ministério Público espanhol contra os insultos. e insultos racistas dirigidos a Vini Jr.
“Tanto o Governo quanto o Ministério Público podem e devem agir imediatamente sobre o assunto para adotar as medidas necessárias diante de eventos tão graves. Nem tudo é justo no desporto, onde os verdadeiros criminosos são acolhidos e devem ser repudiados e punidos com a contundência que merecem”, afirmaram as duas entidades, em comunicado.
🚨⚽️ #AFútbol y @McIntolerancia Abster-se de insultos racistas à Inspetoria Geral do Estado @vinijr.
❌ Rejeitamos qualquer ato racista. Você tem que agir fortemente diante de pessoas que, infelizmente, não estão isoladas.https://t.co/JXgrEqcA2l
— AFE (@afefutbol) 22 de maio de 2023
Repetidamente, o brasileiro Vini Jr., de 22 anos, tem sido alvo de ataques racistas durante uma partida do Campeonato Espanhol, organizada pela LaLiga, entidade privada. Neste domingo, 21, ele foi mais uma vez insultado, antes mesmo de entrar em campo. Segundo a Reuters, vídeos postados nas redes sociais mostraram centenas de torcedores do Valencia cantando “Vinicius é um macaco” enquanto o ônibus do Real chegava ao estádio Mestalla.
Então, durante o jogo, insultos racistas e gritos de ‘macaco’ foram proferidos da arquibancada, após uma jogada aos 29 minutos do segundo tempo: Vini tentou jogar pela esquerda, e no momento uma segunda bola foi lançada sobre campo e chutado por Eray Cömert, atleta do Valencia, de propósito para interromper a jogada do brasileiro. Foi quando Vini foi até a parte da torcida do Valência, localizada atrás do gol do time local, e apontou para torcedores que o insultaram chamando-o de macaco. O jogo foi interrompido por oito minutos e depois recomeçado. Porém, nos acréscimos, Vini se envolveu em uma briga com o goleiro Giorgi Mamardashvili e, após ser contido pelo adversário Hugo Duro com empate, acertou o rosto do atleta do Valencia ao tentar se desvencilhar. No final, apenas o brasileiro foi punido, sendo expulso.
Após a partida, o técnico do Real Madrid, o italiano Carlo Ancelotti, mostrou-se revoltado e incrédulo com o ocorrido.
“Não quero falar de futebol, mas do que aconteceu aqui. Isso não pode acontecer, um estádio inteiro gritando algo assim. Ele não quis continuar e eu acho justo porque ele é a vítima. Isso não pode acontecer”, disse Ancelotti.
O atleta também desabafou nas redes sociais e lamentou que os repetidos ataques discriminatórios estejam tornando a Espanha conhecida como “um país racista”.
“Não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira. O racismo é normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Eu sinto muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar para o mundo a imagem de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E infelizmente, para tudo que acontece toda semana, não tenho defesa. Concordo. Mas sou forte e irei até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”.