Às 15h do dia 8 de janeiro, a imprensa começou a noticiar a invasão do Congresso – primeiro prédio tomado pelos golpistas – Foto: Reprodução
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos do golpe de 8 de janeiro, deputado Hermeto Neto (MDB), usou a tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) durante o depoimento de um dos investigados para mentir , na tentativa de libertar o policial militar flagrado pelo Estadão bebendo água de coco enquanto os prédios dos Três Poderes eram invadidos.
O parlamentar acusou a reportagem de tirar a foto fora de contexto. Segundo o deputado, a fotografia teria sido feita às 11h, mas os metadados do aparelho usado para registrá-la comprovam que ela foi tirada às 15h50 do dia da invasão.
A captura foi feita assim que o repórter chegou à Esplanada dos Ministérios, no dia 8 de janeiro. No momento da foto, o Congresso, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto já estavam sendo vandalizados pelos golpistas. Na versão do deputado Hermeto, não havia “manifestante na Esplanada dos Ministérios” no momento da foto. A denúncia ocorreu após o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), afirmar que os policiais beberam água de coco enquanto os prédios do Executivo, Judiciário e Legislativo eram vandalizados.
“Vossa Excelência disse que havia policiais bebendo água de coco. É preciso esclarecer que a polícia bebeu água de coco praticamente acho que eram 11:00 ou 10:00 da manhã. Não havia manifestante na Esplanada dos Ministérios e a grande mídia divulgou que naquele exato momento que a polícia estava sendo invadida, eles estavam bebendo água de coco, e isso não é verdade. Ainda não havia um manifestante”, disse ele.
Às 15h do dia 8 de janeiro, a imprensa começou a noticiar a invasão do Congresso – primeiro prédio tomado pelos golpistas. Esta foi a segunda vez que mentiras sobre o registro da água de coco foram contadas na CPI do Golpe. que a foto foi tirada fora de contexto e que teria sido tirada pela manhã, antes da invasão.
“Temos que ter muito cuidado. Por exemplo, a imprensa costuma publicar uma imagem fora de contexto. Por exemplo, da Polícia Militar, foi divulgada uma imagem de três policiais no dia 8 de dezembro (sic) bebendo água de coco, como se tivesse acontecido às 15h, horário da invasão, mas aconteceu às 8h”, disse Cynthia .
O coronel foi alvo de uma proposta de indiciamento por imperícia no dia 8 de janeiro proposta pela Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal. Ela foi a responsável por um dos planos de contenção e controle de multidões elaborados pela Secretaria de Segurança Pública da capital para fazer frente às manifestações convocadas para aquele dia. Cíntia alega em sua defesa que nunca prevaricou e que o plano elaborado seguiu os atos normativos previstos na legislação e nas normas do governo do DF.
Procurado pela reportagem, o deputado Hermeto não havia se manifestado até a publicação desta matéria. Sua assessoria afirmou que retornará com as informações ao final da sessão do CLDF.
Weslley Galzo – Estadão Conteúdo