RN 24 Horas

O foguete Falcon Heavy, da SpaceX, rasgou e iluminou o céu da costa leste da Flórida às 21h26 (horário de Brasília) deste domingo (30) para colocar o satélite ViaSat-3 em órbita geoestacionária.

O sexto lançamento de um dos veículos espaciais mais potentes do mundo ocorreu na plataforma 39A do Centro Espacial Kennedy, em Merritt Island, após quatro adiamentos.

Inicialmente agendado para o dia 8 de abril, o voo passou para o dia 18, depois para quarta-feira (26), para quinta-feira, para esta sexta-feira (28) e, por fim, para este domingo, quando as condições técnicas e meteorológicas foram favoráveis.

Mesmo assim, o sentimento era de dúvida até poucos minutos antes do lançamento. Na quinta-feira, a SpaceX apenas avisou que seria adiada para o dia seguinte, às 20h (horário de Brasília), menos de meia hora antes do horário previsto. Na sexta-feira, o adiamento ocorreu segundos antes do voo. A Folha de S.Paulo seguiu as duas tentativas.

A última semana foi marcada por fortes chuvas na Flórida. Em Titusville, a cidade que dá acesso a Merritt Island, moradores relataram granizo do tamanho de bolas de beisebol. Além das instalações da NASA, a ilha abriga prédios da SpaceX, dona do Falcon Heavy, e da Blue Origin, de Jeff Bezos.

Cerca de três minutos após o lançamento, os dois propulsores laterais do foguete se separaram do corpo principal. Segundos depois, o segundo estágio, carregando o ViaSat-3 e outros dois satélites menores, se desligou do primeiro e seguiu sua trajetória para fora da atmosfera terrestre.

Todas as três partes serão destruídas – a primeira vez que isso aconteceu nos seis lançamentos do Falcon Heavy.
O superfoguete da SpaceX voou pela primeira vez em um teste em 2018, quando carregava um Tesla do bilionário Elon Musk, dono das duas empresas. Os dois últimos voos foram em janeiro deste ano e novembro de 2022. Não houve lançamentos em 2021 e 2020.

Um de seus principais atrativos, e o que torna a SpaceX tão relevante, é a possibilidade de recuperar essas peças para outros lançamentos, reduzindo os custos de lançamento em milhões de dólares.

No caso do ViaSat-3, o descarte dos propulsores foi necessário para levar o satélite de 6 toneladas a cerca de 36 mil quilômetros acima da linha do Equador, um trajeto que deve durar cerca de 4h30 e terminar na madrugada desta segunda-feira (1º). )

O ViaSat-3 Americas é o primeiro de três satélites de produção própria que a americana Viasat lançará nos próximos meses. A constelação terá cobertura quase global, com o objetivo de conectar parte dos 2,7 bilhões de pessoas desconectadas ou com má conexão de internet no mundo, segundo a empresa.

O satélite cobrirá todo o continente americano e deve começar a operar no mercado brasileiro no segundo semestre.
A internet via satélite é uma forma de conexão que beneficia regiões distantes dos grandes centros ou regiões com pouca infraestrutura de telecomunicações. Nessas áreas, a internet móvel e a fibra ótica ou não existem ou são de qualidade inferior.

No Brasil, 70% da capacidade do satélite destinado ao país será destinada às regiões Norte e Centro-Oeste. A Viasat, no entanto, não divulgou a participação brasileira no 1 Tbps da ViaSat-3 Americas.

A empresa está presente no Brasil desde 2018, quando assinou um contrato de dez anos com a Telebras para usar parte do satélite SGDC-1, lançado um ano antes. Sua capacidade é de 58 Gbps, cerca de 5% da ViaSat-3, e opera em 22.400 pontos no país por meio do programa WiFi Brasil, voltado para áreas remotas.

Enquanto a WiFi Brasil oferece pontos de acesso de até 20 Mbps, a conexão via ViaSat-3 chegará a até 100 Mbps. A taxa é semelhante à velocidade média de banda larga do país, de 106 Mbps, de acordo com o Speedtest Global Index.

Com essa velocidade, por exemplo, é possível baixar um filme em FullHD em menos de cinco minutos. A 20 Mbps, o download do mesmo tipo de arquivo leva cerca de 20 minutos.