Styvenson pretende ser candidato ao governo do RN -Jefferson Rudy / Agência Senado
Eleito para o Senado em 2018, desbancando nomes como o então senador Garibaldi Alves Filho (MDB) e o ex-governador Geraldo Melo, o senador Styvenson Valentim (Podemos) adotou nos últimos anos uma postura antipolítica, evitando agir como os chamados “ políticos tradicionais”. e distanciando-se, por meio de seu discurso, de prefeitos e outros colegas de classe.
Cinco anos depois daquela eleição, Styvenson assume uma nova versão e hoje está mais político do que nunca, além de pré-candidato a governador, pronto para angariar apoio de prefeitos e disposto a igualar seus concorrentes, utilizando ferramentas jurídicas que antes condenou e se recusou a usá-lo, como o fundo partidário e o fundo eleitoral. Styvenson começou a refletir sobre a necessidade de uma mudança de comportamento após a eleição para governador, em 2022. Na disputa do ano passado, não utilizou recursos de fundos partidários e eleitorais, nem tempo em propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Também não fez santos, adesivos e folhetos, nem pediu votos.
Sua campanha se resumia a mídias sociais, debates na TV e também entrevistas. Além disso, o então candidato recebia apenas doações financeiras de pessoas físicas – cerca de R$ 8,4 mil. A maior parte dos recursos veio do próprio bolso (30,1%) e o restante (69,9%) foi depositado por sete pessoas. Enquanto isso, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a governadora Fátima Bezerra (PT) recebeu R$ 7,1 milhões para gastar na campanha de 2022, e o ex-vice-governador Fábio Dantas arrecadou R$ 611 mil.
O resultado da postura de Styvenson em 2022 foi um amargo terceiro lugar na eleição. A senadora obteve 16,80% dos votos válidos para o governo, atrás de Fátima, que venceu no primeiro turno, com 58,31% (1.066.496 votos), e do ex-vice-governador Fábio Dantas (SDD), que obteve 406.461 votos (22,22%) .
Em 2022, Styvenson obteve 307.330 votos (16,80%). Sua votação correspondeu a menos da metade (41,2%) dos 745.827 votos que obteve ao sair vitorioso na disputa pelo Senado em 2018. “Quero concorrer a Governo. E terei mudanças de comportamento. Vou usar tempo de TV, tempo de rádio, começar a fazer propaganda parlamentar. Eu sempre devolvo o dinheiro. Mas devolver dinheiro ao governo? Vou usar todas as armas que os outros usam”, disse o senador em entrevista à 98 FM no final do ano passado. A versão política profissional de Styvenson, porém, não se limita à sua atuação no Rio Grande do Norte. No Senado da República, hoje integra a Mesa Diretora da Câmara como 4º secretário, tendo votado em Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para presidente do legislativo. O potiguar manteve o suspense sobre seu voto até o último momento da eleição ocorrida em fevereiro passado.
Se antes o senador nem queria ser fotografado ao lado de políticos, hoje mantém uma postura bem mais liberal, inclusive conversando com prefeitos, vereadores, aparecendo em fotos e dialogando com políticos tradicionais do Rio Grande do Norte. Um exemplo dessa abertura política foi o fato de que, planejando deixar o Podemos pelo União Brasil, Styvenson procurou um dos mais experientes e tradicionais políticos do RN, o ex-senador José Agripino, presidente do União Brasil-RN. Agripino abriu as portas da sigla para senador.
O presidente do partido revelou que a primeira conversa entre eles aconteceu em Brasília a pedido do próprio Styvenson. Durante o diálogo, o parlamentar fez várias perguntas sobre como Agripino agiria para resolver alguns problemas do Estado, como se já estivesse ensaiando uma candidatura e pedindo conselhos a quem já foi governador. Mais recentemente, na última terça-feira, dia 25, uma nova conversa entre os dois foi registrada por José Agripino nas redes sociais.
A mudança de Styvenson é tanta que hoje ele tem até uma espécie de coordenador político, que é o prefeito de São Tomé e ex-presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) Babá Pereira. Em março do ano passado, Babá acompanhou Styvenson a Brasília, na sede da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), para uma conversa com o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski. A ideia de Babá é transformar o senador em um símbolo da luta pelo movimento municipalista.
Nas redes sociais, a senadora costuma postar críticas principalmente à governadora Fátima Bezerra (PT) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parlamentar também compartilha problemas com a administração estadual, além de ações em seu mandato, como a alocação de emendas.