Torres alega agravamento do quadro psicológico e PF cancela depoimento

A Polícia Federal cancelou o depoimento de Anderson Torres, que estava marcado para esta segunda-feira, 24, após advogados do ex-ministro do governo, Jair Bolsonaro (PL), alegarem “drástica deterioração” do estado de saúde do investigado pessoa.
Segundo a defesa de Torres, ele teve “uma piora da saúde mental” depois que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou pedido de soltura do ex-ministro, preso desde janeiro.
“Após tomar conhecimento do indeferimento do pedido de revogação da prisão preventiva, o estado emocional e cognitivo do requerente, que já era perigoso, sofreu um agravamento drástico”, alega a defesa.
O advogado Eumar Novacki, no pedido à PF, aponta que Anderson Torres recebeu um atestado de um psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que dizia sobre a impossibilidade do ex-ministro “comparecer a qualquer audiência no momento por motivos médicos ( ajuste de medicação) por 1 semana”.
“Apesar disso, a defesa informa que o requerente, logo que se recupere, pretende colaborar no esclarecimento dos factos sob investigação, razão pela qual pugna pela reatribuição da sua audiência”, conclui.
Anderson Torres havia sido intimado a depor nesta segunda-feira sobre o suposto uso da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em bloqueios no segundo turno da eleição presidencial, em outubro de 2022, para dificultar a chegada de eleitores a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação.
A PF investiga uma viagem do então ministro à Bahia na época. Na época, segundo as suspeitas, Torres teria pedido à PF para trabalhar com o PRF nas rodovias para realizar blitz em locais onde Lula tivesse recebido mais votos que Bolsonaro no primeiro turno.
“O que posso dizer é que são múltiplos os indícios de relatórios, viagens, comandos, determinações administrativas. E temos uma indicação muito eloqüente, o fato ocorreu: em 31 de outubro [na verdade, 30] havia essas operações ditas atípicas”, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino, no início do mês.
FABIO SERAPIÃO E CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)