Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres – Foto: Reprodução
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres está na sede da Polícia Federal (PF), onde prestará depoimento nesta tarde. Torres é investigado no inquérito que apura a suspeita de que, durante as eleições de 2022, parte da Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou para dificultar o acesso de eleitores às urnas em regiões onde o então candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva Silva, havia vencido o primeiro turno.
A audiência do ex-ministro estava marcada para as 14h30. Mesmo assim, ele chegou à sede da PF pouco depois das 13h30. Detido desde 14 de janeiro nas dependências de um batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, Torres chegou à sede da PF a bordo de uma viatura da PM, com escolta. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-ministro, que deixou a pasta no final de dezembro, às vésperas do fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Torres é suspeito de, à frente do ministério, ao qual a PRF é subordinada, ter agido para que a corporação mudasse seu planejamento operacional para as eleições, intensificando a fiscalização nas rodovias do Nordeste. Sua prisão, no entanto, foi decretada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, devido a indícios de que o ex-ministro e outros agentes públicos se omitiram ou facilitaram a invasão. . e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do prédio do STF, em 8 de janeiro.
atos antidemocráticos
Quando foi preso, em 14 de janeiro, Torres já era chefe da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cargo para o qual foi indicado pelo governador Ibaneis Rocha. Ao cumprir mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-ministro a minuta de decreto presidencial que, se instituído, permitiria ao ex-presidente Jair Bolsonaro estabelecer estado de defesa no TSE, o que poderia invalidar o resultado do inquérito as eleições presidenciais. O rascunho foi guardado em uma pasta com outros documentos.
Torres negou repetidamente todas as acusações. Por meio de seus advogados, o ex-ministro e ex-secretário distrital afirma que não foi conivente com a invasão de prédios públicos, acrescentando que, no dia 8 de janeiro, estava de férias nos Estados Unidos, para onde havia viajado no dia anterior. . Torres também nega ter ordenado ou sugerido que o PRF atuasse para coibir a movimentação de eleitores. Embora admita ter viajado à Bahia poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, ele afirma ter ido tratar de obras a cargo da superintendência da corporação no estado. Sobre o rascunho do golpe encontrado em sua casa, Torres afirma não se lembrar de quem recebeu o documento, que pretendia destruir.