Lagarto Wendel. Foto: José Aldenir/Agora RN
O ex-policial militar Wendel Lagartixa disse que o sistema prisional do Rio Grande do Norte é rígido e que o tratamento aos presos é excelente. A afirmação foi dada em entrevista, nesta quarta-feira, 15, ao programa Cidade 360, da rádio 94FM. Lagartixa, que foi candidato a deputado estadual, também elogiou o trabalho da polícia criminal.
O Rio Grande do Norte enfrenta uma série de ataques a prédios públicos e ônibus desde terça-feira, 14. Mesmo com a chegada dos agentes da Força Nacional, os crimes continuam assustando a população do Rio Grande do Norte.
Questionado por jornalistas sobre a motivação dos ataques criminosos, Lagartixa relembrou o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o indeferimento do registro de sua candidatura a deputado estadual. “É muito estranho para mim que estes ataques aconteçam no dia do julgamento numa pauta que eu poderia voltar ao meu mandato”, começou.
“Eles estão alegando tratamento para presos dentro dos presídios, o que é ótimo, com algumas ressalvas. Há muito controle por parte da polícia criminal que faz um excelente trabalho, sufocando inclusive o crime organizado dentro das cadeias”, apontou Lagartixa.
Ele elogiou a situação atual do sistema penitenciário. “Hoje a maior parte do sistema prisional não tem mais telefone dentro, as facções são combatidas dentro da cadeia com o isolamento de algumas lideranças. A criminalidade sofre muito dentro do presídio”.
Lagartixa disse que já foi preso e que sentiu na pele “a rigidez do sistema penitenciário do RN”. “Pode ter algo a ver com o tratamento justo que recebem, mas também me deixa na ponta dos pés que os ataques começaram no dia do meu julgamento.”
Órgão colegiado vinculado ao governo e com participação da sociedade civil, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do RN (CEPCT/RN) informou que vinha alertando as autoridades dos poderes Executivo e Judiciário, desde 2021 , sobre a possibilidade de eventos de segurança pública como os que aconteceram.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 16, o Comitê destaca que ações criminosas só podem ser combatidas com estratégias eficazes que identifiquem as raízes desse problema social. “Sem a adoção de uma política progressiva de desencarceramento e penas alternativas, o RN tem um conjunto de fatores que agravam a situação da segurança pública”, diz.
O CEPCT/RN descreve, em nota, a situação das unidades prisionais: superlotação; polícia criminal insuficiente, mal remunerada e com problemas psicossociais diante da tensão diária; saúde física e mental comprometida devido a equipes insuficientes e cuidados de saúde precários; ações e práticas cotidianas e coletivas de tortura, etc.
Em fiscalização realizada em novembro passado no RN, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) constatou marmitas com alimentos estragados; presos com tuberculose usados como vetor de contaminação para outros presos; prisão por mais de 30 dias em celas de castigo e outras torturas.