Twitter começa a remover conteúdo extremista após pressão do governo

A assessora especial e futura secretária de Direitos Digitais do ministério, advogada Estela Aranha, disse que o Twitter começou a retirar o conteúdo na quarta-feira, 12 – Foto: Reprodução
Representantes da rede social Twitter retiraram-se do discurso de liberdade de expressão irrestrita e começaram a retirar conteúdos extremistas denunciados pelo Ministério da Justiça no âmbito da Operação Escola Segura, que investiga organizações criminosas e grupos responsáveis por incentivar ataques a escolas.
A pasta chefiada pelo ministro Flávio Dino (PSB) já identificou a retirada de pelo menos 100 conteúdos denunciados. A assessora especial e futura secretária de Direitos Digitais do ministério, advogada Estela Aranha, disse que o Twitter começou a retirar o conteúdo na quarta-feira, 12.
“Estamos verificando, mas, no geral, (o Twitter) está funcionando e nos disponibilizou um canal especial para o caso de alguma falha específica ou urgência”, disse Estela ao Estadão.
No início desta semana, representantes da rede social se reuniram com autoridades do governo e causaram desconforto ao defender a manutenção de conteúdos extremistas.
Conforme mostrou o Estadão, um advogado do Twitter disse à equipe de Dino que um perfil com fotos de assassinos envolvidos em chacinas em escolas não viola a política de uso da rede. O representante da plataforma também teria argumentado que o caso em análise pelo Ministério da Justiça não era uma apologia ao crime. Em conversas particulares, assessores da pasta classificaram o episódio como “bizarro”.
A plataforma foi comprada pelo bilionário Elon Musk em outubro do ano passado e desde então tem sido alvo de críticas por mudanças nas regras de moderação de conteúdo, que se tornaram cada vez mais permissivas em relação a conteúdos extremistas desde a mudança de comando na direção da empresa.
Dino iniciou uma série de reuniões com as principais plataformas digitais do país para aumentar o monitoramento de conteúdos extremistas e hostis em seus domínios. A iniciativa do ministro ocorreu após o segundo ataque a escolas em duas semanas.
canal de denúncia
o Ministério da Justiça criou um canal para receber informações sobre ameaças e ataques contra escolas. Por meio da plataforma, que já está ativa, as denúncias podem ser feitas por qualquer pessoa de forma anônima, e as informações são mantidas em sigilo.
Disponibilizado em parceria com a organização não governamental SaferNet Brasil, o canal pode ser acessado em www.gov br/mj/pt-br/escolasegura. Você pode denunciar postagens em mídias sociais e fóruns, sites, blogs, perfis e outros tipos de conteúdo suspeito. Para fazer a denúncia, é necessário preencher um pequeno formulário que não exige identificação.
Weslley Galzo – Estadão Conteúdo