“Um divisor de águas para o nosso estado”

Uma empresa que já administra três terminais aéreos foi a vencedora da releitura do Aeroporto de São Gonçalo, no RN. Foto: José Aldenir
Setores da economia potiguar comemoram, ao longo da semana, a relicitação do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. Comprado por R$ 320 milhões pela Zurich, a expectativa dos diversos segmentos econômicos do Rio Grande do Norte é que, com a nova empresa, novos voos cheguem ao terminal, trazendo mais turistas e fomentando o comércio do estado.
Para Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio-RN), a expectativa é a próxima melhor. “Sabemos que o aeroporto tem capacidade para receber milhões de passageiros. Então se você tem um trabalho no aeroporto, a empresa que vai fazer a gestão junto com as entidades, o governo do estado, para divulgar e trazer o maior número possível de turistas, já que tem aeroportos em outras cidades e outros países, isso vai ajuda”, disse
José Lucena, presidente da Câmara dos Lojistas de Natal (CDL Natal), afirmou que a entidade é a favor de uma nova empresa assumir o terminal considerado a porta de entrada do turismo no estado. “A CDL Natal é totalmente a favor dessa nova empresa assumir o nosso aeroporto porque vivemos do comércio, e o turismo é uma das nossas principais fontes e está sendo muito prejudicado por esse aeroporto. Acredito que agora vai dar uma nova vida à população, ao turismo e que vamos voltar a ter aquela época de boom do turismo que tivemos no passado”, comemorou.
Para Lucena, a chegada da nova empresa representa um ciclo de otimismo que se projeta para os próximos anos. “O comércio, como um todo, vive de otimismo. Quando você gera boas notícias e o turismo está se desenvolvendo, a economia como um todo avança. O hotel vai precisar de manutenção, vai ter que contratar mais gente, vai consumir mais comida. A corrente como um todo gira. Isso é muito positivo para a nossa economia, vejo como uma forma muito boa de voltar a sonhar. O comércio pode voltar a sonhar, como já sonhou, e nos tornamos o segundo destino turístico do Nordeste. Às vezes ele era o primeiro. Isso dará ao potiguar uma autoestima muito elevada. Será o divisor de águas do nosso estado”, projetou.
As possibilidades de uso do terminal causam entusiasmo nos setores da economia. A ponto de tornar o estado novamente uma potência do turismo e transformar em próspera a realidade de diversos segmentos relacionados ao maior fluxo de visitantes no Rio Grande do Norte. “Se não o maior, mas um grande, um destino desejado. Garanto que o negócio flui, que as coisas andam e tudo acontece. E uma boa notícia é o que motiva todo empreendedor a investir. Neste momento há um grupo a investir no Hotel Parque da Costeira. Não será mais lixo. Isso vai gerar mais fluxo, mais turismo e renda para o nosso estado”, defendeu o presidente da CDL Natal.
Abdon Gosson, presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do Rio Grande do Norte (ABIH-RN), setor, um dos principais impactados pela operação do aeroporto, recebeu com alegria a notícia da publicação com o anúncio. “Todos nós temos a obrigação de receber com otimismo, com muita alegria. E torcer para que tudo dê certo até o fim. Temos um aeroporto que deveria ter sido licitado novamente há três anos. Hoje, está completamente abandonado. Maior equipamento do estado, porta de entrada para o turismo em nosso estado abandonado e deteriorado. Isso prejudica muito o turismo para qualquer destino no mundo”, afirmou.
Histórico
Leiloado em 2011, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi o primeiro do Brasil a ser concedido à iniciativa privada, no início da década passada, e é considerado o maior exportador de cargas do Nordeste, além de ser o segundo melhor do o país entre os aeroportos que recebem 5 milhões de passageiros por ano, segundo pesquisa de satisfação da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), do Ministério dos Portos e Aeroportos.
Em março de 2020, a Inframérica anunciou que devolveria a concessão do Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. A ANAC foi notificada e a operadora teve que ser indenizada por ter investido em obras de infraestrutura. Uma das justificativas para o retorno foi em relação ao tráfego de passageiros que, segundo a empresa na época do comunicado, foi impactado por “uma grave e longa crise econômica enfrentada pelo país” que impactou o turismo na região.
A expectativa era de que, em 2019, o terminal movimentasse 4,3 milhões de passageiros, mas o fluxo registrado foi de 2,3 milhões. Somente em 2015 e 2018 o terminal superou as marcas de operação do antigo aeroporto Augusto Severo.