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Um indígena morre e dois ficam feridos em ataque na Terra Yanomami

Yanomami morreu após ser baleado durante ataque a uma das comunidades da Terra Indígena Yanomami – Foto: Hekurari/Instagram

Um Yanomami morreu após ser baleado durante um ataque a uma das comunidades da Terra Indígena Yanomami. Outros dois indígenas baleados tiveram que ser levados às pressas para a capital do estado, Boa Vista, onde estão internados no Hospital Geral de Roraima (HGR).

Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) Yanomami, Júnior Hekurari, a comunidade de Uxiú foi atacada por garimpeiros ontem (29), à tarde. Ainda de acordo com Júnior, o indígena baleado, que não resistiu aos ferimentos, trabalhava como agente de saúde na comunidade.

Por telefone, a diretora do Hospital Geral de Roraima, Patrícia Renovato de Oliveira Freitas, confirmou ao Agência Brasil que, após receberem os primeiros socorros no Centro de Referência em Saúde Indígena, que funciona no polo base de Surucucu, no próprio território Yanomami, os dois indígenas feridos foram levados ao HGR, onde deram entrada na manhã de hoje. Ambos estão internados no pronto-socorro e suas condições clínicas foram consideradas estáveis.

Júnior Hekurari, que preside a Associação Urihi Yanomami, usou as redes sociais para denunciar o ataque criminoso e comunicar que maiores informações serão repassadas às autoridades públicas responsáveis ​​pela proteção dos indígenas e de seus territórios.

crise humanitária

No início do ano, Júnior ficou conhecido nacionalmente, além do movimento indígena, ao denunciar a grave crise humanitária enfrentada pelo povo Yanomami, com a investida de garimpeiros e madeireiros contra o território indígena. Homologada há 31 anos, a Terra Indígena Yanomami abrange uma extensa área de Roraima, além de parte do estado do Amazonas, totalizando cerca de 9,6 milhões de hectares, onde, segundo o governo federal, vivem mais de 30,4 mil habitantes. . Cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo oficial de futebol.

A partir da segunda quinzena de janeiro, o governo implementou uma série de ações para ajudar as comunidades locais e retirar os não indígenas das áreas exclusivas. As medidas foram anunciadas após a divulgação de imagens de crianças e adultos Yanomami desnutridos. Também foram divulgadas informações do Ministério da Saúde de que, nos últimos anos, pelo menos 570 crianças indígenas morreram por desnutrição e outras causas evitáveis. Além disso, só em 2022, foram confirmados 11.530 casos de malária na reserva.

Entre as medidas anunciadas pelo governo está a declaração de emergência de saúde pública de importância nacional para combater a “falta de assistência à saúde” dos Yanomami. Militares das Forças Armadas foram mobilizados para distribuir alimentos e prestar assistência médica a moradores de comunidades de difícil acesso. A Aeronáutica passou a restringir o acesso aéreo, a fim de impedir a chegada de novos garimpeiros e, principalmente, o abastecimento dos que já estavam ilegalmente na área. Além disso, as forças de segurança da terra foram reforçadas para retirar os não indígenas da reserva.

Comitiva

Há pouco, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou nas redes sociais que já havia pedido ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que mandasse a Polícia Federal (PF) investigar o caso. Segundo o ministro, uma delegação interministerial já está a caminho de Roraima “para reforçar ainda mais as ações de afastamento [retirada] de criminosos [da reserva indígena]”.

Sônia também destacou que, embora tenha se agravado nos últimos anos, a invasão criminosa da Terra Indígena Yanomami é um problema histórico. “A situação de invasores na TI Yanomami já se arrasta há muitos anos e, apesar de todos os esforços [que estão] sendo realizado pelo governo federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território”, escreveu o ministro.

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