Leilão para relicitação do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Foto: Daniel Cabral
A Zurich Airport International foi definida nesta sexta-feira, 19, como a nova operadora do Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, na Grande Natal. A nova concessionária deve assumir em setembro.
A empresa deu o maior lance em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, e comprou o terminal por R$ 320.000.012,00.
O Zurich Airport já administra integralmente três aeroportos no Brasil: Florianópolis (SC), Macaé (RJ) e Vitória (ES). Além disso, opera no Aeroporto de Belo Horizonte (MG), em parceria com a CCR.
O leilão teve prêmio de 41%, já que o lance inicial partiu de R$ 226,9 milhões, para um contrato de 30 anos.
Duas empresas concorreram ao leilão: a Zurich Airport e a NK 230 Empreendimentos e Participações, da XP, que ficou em 2º lugar.
A disputa começou com a abertura dos envelopes em que a Zurich oferecia R$ 250 milhões e a NK, R$ 230 milhões.
Em seguida, a licitação foi para viva-voz, em que a regra determinava lances acima de R$ 5 milhões cada. Só nesta etapa, foram 26 ofertas dos dois concorrentes. Para vencer, o NK teria que aumentar a aposta para R$ 325 milhões e contar com o Zurich não pagar. Mas a empresa de XP desistiu do leilão. A diferença de R$ 1 foi devido ao acúmulo de propostas.
O aeroporto de São Gonçalo do Amarante foi o primeiro do Brasil a ser adjudicado à iniciativa privada, em 2011, no primeiro leilão aeroportuário. O terminal foi inaugurado em 2014.
O contrato com a Inframérica começou em 2012, por um período de 28 anos, e o terminal foi construído do zero, como parte das obras previstas para a Copa do Mundo de 2014. A empresa também era responsável pela administração do aeroporto de Brasília.
Em 2020, porém, a Inframérica decidiu retornar a operação do terminal.
Para devolver o aeroporto potiguar, a Inframérica alegou que a movimentação de passageiros ficou aquém do projetado e que a rigidez do contrato não permitia a revisão das regras. Um contrato mais flexível garantirá uma melhor operação para a nova concessionária.
O aeroporto de Natal encerrou 2022 com um fluxo de 2,2 milhões de passageiros e 18.179 pousos e decolagens. O movimento representa um aumento de 24,6% na movimentação de pessoas, em relação a 2021.
Na opinião de Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos, o leilão reforçou que é possível conciliar os setores público e privado nas operações de infraestrutura. Ele também destacou que o presidente Lula (PT) pediu celeridade no processo de relicitação. No entanto, como foi a primeira realizada neste formato e pelo novo governo, considera natural ter encontrado dificuldades pelo caminho.
“Estamos felizes por ter conseguido isso no primeiro semestre. O novo operador poderá organizar a operação para o próximo verão”, disse, durante a cerimónia de martelada. Para o ministro, o prêmio do leilão é menos importante, já que os valores já eram muito altos em leilões anteriores, inviabilizando a operação. “Queremos que a operadora possa trabalhar com tranquilidade para oferecer um bom serviço”, disse.
Já a governadora Fátima Bezerra (PT) avaliou que o tempo em que o aeroporto ficou bloqueado, após sua devolução ao poder público, trouxe muitos prejuízos ao Estado. Por isso, ela comemorou o resultado. “O leilão foi um sucesso e estamos dando um passo muito importante”, destacou a governadora, que ontem completou 68 anos.
Zurique será ‘grande aliada do RN na atração de empresas’, diz secretário
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, Jaime Calado, disse que o Aeroporto de Zurique vai transformar o terminal em uma “cidade-aeroporto”. O secretário destacou que a nova concessionária tem expertise neste tipo de investimento e que será uma “grande aliada” do Estado na captação de novas empresas.
“Nos aeroportos da cidade, você tem tudo que a cidade tem. Não é como os aeroportos convencionais, que são apenas locais de embarque e desembarque. Os lugares que não estão transformando aeroportos em cidades-aeroportos. Dois terços da receita gerada pelo aeroporto não são mais do embarque e desembarque, mas do que acontece dentro do aeroporto. São Gonçalo é o primeiro aeroporto projetado para ser uma cidade-aeroporto. Há um Plano Diretor, há espaço para indústria, comércio e serviços”, disse o secretário.
Jaime Calado aponta que a concessionária anterior, a Inframérica, não executou o projeto de transformar São Gonçalo em uma “cidade-aeroporto” pela frustração de receitas com a operação do terminal e também porque a concessionária decidiu priorizar a gestão de Brasília Aeroporto . Jaime Calado também atribui os constrangimentos à legislação.
“Não havia compromisso para que ele (o aeroporto) se tornasse uma cidade-aeroporto. Além disso, por ser o primeiro aeroporto a ser privatizado, o nível de demanda estava acima do que o negócio poderia suportar. Houve uma grande crise. O Brasil perdeu, entre 2014 e 2019, 7 milhões de passageiros, quando a projeção era de que haveria crescimento. Por contato, não consegui modificar o contrato. Essa nova legislação buscou corrigir alguns erros”, lembra Jaime.
O secretário acrescenta que o Aeroporto de Zurique terá as melhores condições operacionais do Rio Grande do Norte.
“Eles são desenvolvedores de aeroportos, que é tudo o que queremos. Ganhamos um grande aliado para atrair empresas e investimentos para o Rio Grande do Norte. Eles têm a melhor localização do estado. É a maior propriedade de São Gonçalo, com 1.400 hectares. Tem a melhor infraestrutura de energia, fibra ótica e segurança”, acrescentou.